Por vezes fico a pensar em que mundo é que nós vivemos. A preocupação constante com a aparência está cada vez mais presente, principalmente em Portugal, o que é vergonhoso. Como consequência, para manter essa boa figura há um consumismo excessivo por parte das pessoas.
Os valores realmente importantes foram esquecidos e parece que o mais relevante é ter umas sapatilhas de marca e uma boa casa, no entanto, no seu próprio lar comem massa com salsichas todos os dias. Já nem falo em grandes investimentos como carros, mas sim em coisas mínimas no dia a dia que podemos evitar comprar. Por exemplo, a compra de roupa, objetos e acessórios que não precisamos e simplesmente consumimos porque achamos giro ou porque o nosso colega tem.
A influência da sociedade contribui para o consumismo na medida em que sentimos sempre a necessidade de sermos melhores do que os outros e as redes sociais agravam essa situação. Hoje em dia entramos no Instagram e vemos corpos belos, roupas de luxo lindas e caríssimas e sentimos a necessidade de ser igual às chamadas influencers. O que se vê mais nas redes sociais são coisas fúteis que não ensinam nada, no entanto, as pessoas dão tanta importância a isso que se torna assustador.
As consequências desse problema são o que mais me preocupa, muitas vezes as pessoas ficam frustradas por não terem a possibilidade de comprar o que querem, por não conseguirem ter a vida de luxo vista nas redes sociais ou por não terem um corpo perfeito. O que ninguém percebe é que os influenciadores digitais vivem para as aparências, são pagos para mostrar a vida mais perfeita e facilitada possível, de modo a terem mais visualizações e, assim, publicitar mais as marcas. A faixa etária mais afetada com esta situação é a adolescência, fase em que estamos a crescer, a preocuparmo-nos mais com o nosso corpo e a nossa aparência. Queremos sempre fazer a melhor figura perante os outros para que nos aceitem e, assim, entrarmos no grupo dos mais “fixes” e populares.
Eu própria admito que sou muito consumista no que toca a roupa e acessórios. E por isso, sim! Também me estou a criticar neste texto. Todos nós somos consumistas, é inevitável nesta sociedade em que vivemos. Às vezes nem preciso, já tenho algo muito parecido, mas compro só porque vi no Instagram ou porque a minha amiga tem. No entanto, não sou nenhuma shopaholic, apenas compro o que gosto e que sei que vou usar, tentando sempre reaproveitar roupas antigas e fazer novas.
Dizem que as mulheres são mais consumistas do que os homens, mas eu discordo totalmente. Os homens são consumistas no que gostam, por exemplo, carros e tecnologias. Já as mulheres são consumistas no que lhes dá mais prazer, como produtos de beleza e roupa, segundo os padrões estabelecidos, que agora felizmente, se têm vindo a desfazer.
Em suma, gostava de apelar à vossa atenção para este tema. É um problema que tem evoluído de geração em geração e ninguém faz nada quanto a isso. Vê-se pais a mimar os filhos excessivamente com brinquedos, principalmente na época natalícia que se está a aproximar. Isso é um mau exemplo para estas crianças. Já para não falar do planeta que está cada vez mais degradado e continuamos a deitar coisas fora que podiam ser reutilizadas. Devemos dar mais valor ao que de verdade importa, à nossa família, às pessoas que realmente gostam de nós, à nossa saúde, à nossa cultura e à nossa educação.
Vera Lopes