“O Grande Ditador” veta fôlego transmontano

“O Grande Ditador” veta fôlego transmontano

Chaves foi palco da 27.ª jornada frente a um dos grandes do futebol português, Sporting Clube de Portugal, em embate que teve início às 18h.

Apito inicial, GD Chaves inicia a partida. O primeiro lance com algum perigo pertenceu aos leões, após remate de Gudelj e defesa apertada de António Filipe ao minuto dez. A turma leonina realizava, de modo frequente, incursões pela ala esquerda e causava, no resguardo dos flavienses, perigo. O golo não tardou a aparecer e, 13 minutos volvidos, Luiz Phellype concluía da melhor forma a triangulação iniciada em Raphinha e posteriormente executada por Bruno Fernandes e Ristovski. 0-1!

A temeridade da turma flaviense foi assinalada, numa primeira instância, ao minuto 28: cruzamento atrasado de Bruno Gallo ao qual Coates interceta e por pouco não introduz a bola na própria baliza. A batalha a meio campo proporcionou as primeiras duas admoestações, uma para cada formação: Jefferson via o amarelo aos 33 minutos, após entrada dura sobre Bruno Fernades, e Gudelj seguiu as suas pisadas cinco minutos mais tarde.

O flanco esquerdo leonino continuava afinado e os pupilos de José Mota, incapazes de cessar tais investidas, exploravam timidamente o contra-ataque. No 40.º minuto, Campi e Coates evitaram males maiores e, através de carrinhos in extremis, afastaram o perigo das respetivas áreas.

O descanso convocava as equipas à habitual palestra. Os flavienses tentariam remar contra a maré e ventos desfavoráveis ao seu percurso, apesar da espinhosa missão.

Se a primeira metade se caracterizou pela serenidade, a segunda personificou-se e encarnou na controvérsia. A dez minutos da hora de jogo, a formação de Trás-os-Montes fica reduzida a dez unidades devido ao facto de, no entender de Manuel Mota, Jefferson disputar rispidamente a bola com o 86 leonino.

Antagonicamente ao que era expectável, o GD Chaves surge impetuoso, com garra e determinação, conquistando inúmeras faltas e roubos de bola. Deste modo, ao minuto 56, Bressan bate o livre na zona do meio campo e o central Campi, nas alturas, envia a bola ao poste; no instante seguinte, Bruno Gallo, a meio campo, numa demonstração pura de visão de jogo, telecomanda a bola até André Luís que, na cara de Renan, não desperdiça e repõe a igualdade. O placard ditava 1-1!

Luther Singh fazia descansar Rúben Macedo e imprimia na partida a velocidade da qual a sua equipa carecia, obrigando, ao minuto 62, Mathieu a atrasar apressada e erroneamente a bola para o guarda-redes leonino, resultando num canto.

Contudo, Bruno Fernandes, inconformado, com o pé menos dominante, obriga António Filipe a nova estirada, ao minuto 67. Jovane Cabral, coqueluche leonina, assim como o camisola 55 flaviense, ingressava na partida com o mesmo desígnio.

O guarda-redes flaviense, após queda aparatosa, é substituído por Ricardo à passagem do minuto 72. A partir desse momento, a turma de Alvalade, sem impressionar, voltava ao comando da partida e surgia mais veloz no planeamento de cada jogada.

O octogésimo minuto sinalizou a o segundo tento leonino. Acuna levanta a cabeça, mede milimetricamente e equaciona o passe perfeito para o maestro leonino (Bruno Fernandes) que, evitando o contacto da redondinha com o relvado, alveja a baliza e coloca-a junto do canto inferior direito. 1-2!

O tempo escasseava para a turma liderada por José Mota, mas ainda havia tempo para (mais) uma dose de polémica: Ristovski, ao intercetar a bola com um carrinho, embate no jogador flaviense e o árbitro não interrompe a partida; no decurso do lance, Raphinha isola-se e Maras, sem obstruir a passagem, derruba o extremo leonino. Numa primeira instância, Manuel Mota expulsa o central flaviense, e, numa segunda instância e após consulta do VAR, retira-lhe o cartão vermelho e exibe-o ao lateral direito dos leões. Ambas as formações surgiam deficitárias num elemento.

Onze minutos era o valor induzido na placa levantada pelo quarto árbitro. O GD Chaves, à passagem do minuto 92 pede castigo máximo, embora o árbitro não tenha atendido aos protestos. Seis minutos volvidos, desentendimento junto à bandeirola de canto resultante em cartões amarelos para Bruno Gaspar (rendeu Raphinha aos 93) e Luís Martins. No término do encontro, Bruno Fernandes, junto à linha lateral, recupera a bola, devolve-a a Jovane e, este último, com um toque simples, isola Luiz Phellype que bisa na partida. 1-3!

O GD Chaves mantém o penúltimo lugar da tabela classificativa e a marca dos 24 pontos conquistados.

Na conferência de imprensa, José Mota, insatisfeito, afirmou que “foi um resultado injusto para o que o GD Chaves fez” e teceu rasgados elogios à performance da sua equipa: “Excelente reação, marcamos com dez. Há que valorizar o esforço da equipa porque jogar com dez contra o Sporting é quase para super-heróis”, não olvidando críticas disfarçadas à arbitragem: “Pôr os pontos nos is” e relembrando que apresentará uma equipa aguerrida até ao fim do campeonato: “Continuamos na luta e, apesar de sabermos que a tarefa é árdua, vamos estar preparados.”

Homem do jogo: Bruno Fernandes, o oito leonino, é de outro planeta. Hoje, notoriamente mais desinspirado do que o habitual, assinalou um golo de grande primor técnico e decidiu (outra vez!) a favor dos leões. É o maestro da orquestra semi-(des)afinada de Keizer.

Romão Rodrigues

Fotografia: O Torgador (Rafael Pereira)