Fim da garraiada na Queima das Fitas de Coimbra – uma decisão do século XX a ser tomada no século XXI

A comunidade estudantil de Coimbra decide em referendo, no dia 13 de março, o futuro das garraiadas na Queima das Fitas.

Já o caso de Vila Real data de 2009, quando a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro se torna a primeira Academia do país a abolir a tradição da garraiada. Conta depois com um pequeno regresso em 2011 onde os alunos levaram este assunto a Reunião Geral, e o sim venceu, realizando-se a última garraiada de sempre em Vila Real. No dia 12 de março de 2014, um grupo de estudantes tenta fazer voltar esta “tradição académica”, porém sem sucesso. Consolidou-se assim uma vitória para os direitos dos animais e desaparece este evento das tradições académicas, não tendo sido discutido nenhuma outra vez.

Em Coimbra a história conta-se de forma diferente; o assunto é bastante polémico e as opiniões dividem-se. São muitos aqueles que defendem a Garraiada como evento tradicional das festividades da Queima das Fitas e são também muitos aqueles que defendem o fim deste evento, como foi o caso da Comissão Central da Queima das Fitas, que, em fevereiro, decidiu propor a abolição da garraiada. Tendo em conta esta posição e a sensibilidade deste assunto em Coimbra, tanto o Conselho de Veteranos como a Associação Académica de Coimbra decidiram levar esta questão a referendo.

Surge agora uma pergunta muito pertinente: O que é a garraiada?

A garraiada consiste em usar o “garraio” (um touro jovem) num recinto, onde podem entrar pessoas para o desafiar numa luta igual e justa. Pelo menos é isto que defendem os “pró-garraiada”. No entanto, a garraiada causa danos aos animais, físicos e psicológicos. Um garraio que é mantido num espaço apertado, durante longos períodos de tempo, para depois ser lançado numa arena sem cantos, o que o impossibilita de se esconder e sem possibilidade de fugir ou de não participar. Depois de estar na arena, este garraio é circundado por um “grupo de pessoas” que faz saltos, acrobacias e agarrões. O animal, recorrendo ao seu instinto mais primitivo e presente em todos os animais, defende-se. Se não se defender, será pior para ele… E no meio disto lá lhe puxam a cauda, inconscientes da sensibilidade da cauda de um garraio e da força com que se pode puxar sem que esta sofra danos ou fraturas.

Por todos estes motivos, fiquem felizes por estar em cima da mesa o terminar de uma tradição como esta. Preocupem-se antes no porquê de a secção de fado se recusar a participar na Queima das Fitas, isso sim é uma tradição que merece referendo.

Um aplauso para quem deu a legitimidade aos seus estudantes de darem uma opinião. Que vença o “não”, mas acima de tudo que vença a democracia!

Catarina Rocha