Foi anunciado que o circo contemporâneo de nome “Mundo Interior” vem ao Teatro de Vila Real realizar uma atuação. A meu ver, pelo nome “Mundo Interior”, este circo deve tentar fazer com que todos os que assistem façam uma reflexão interior relativamente a algumas das atuações, na medida em que podem deixar qualquer ser humano perplexo no que toca à veracidade do que se está efetivamente a assistir.
Seguindo este ponto de vista, e imaginando tudo o que neste momento corre no meu “Mundo Interior”, tenho a certeza de que seria uma boa atuação para eu próprio assistir na medida em que preciso de refletir sobre um dos assuntos que, infelizmente, mais marcou e sempre marcará a história mundial – o Holocausto.
Tal como na peça, ao ver, ao pensar ou até mesmo ao sonhar com isso, fico sempre perplexo ao imaginar que seria impossível que, em pleno século XX, um país e um homem, conseguissem organizar o que a Alemanha e Adolf Hitler, organizaram. E tudo por causa do “orgulho”, ou falta dele, que assombrava a Alemanha desde o fim da 1ª Guerra Mundial (talvez devido a uma falha da Sociedade das Nações e/ou dos Estados Unidos da América).
Tantas atrocidades foram cometidas ao longo de seis anos de demasiadas guerras, quer étnicas como territoriais, que levaram a que demasiadas vidas humanas fossem ceifadas. Cerca de 60 milhões de pessoas perderam a sua vida. 20 milhões de soldados e 40 milhões de civis. Chegou-se ao ponto de ser necessário recorrer a armas de destruição massiva para se colocar fim à guerra – as bombas nucleares.
Genocídios ocorreram devido a diferentes raças, etnias e credos ao longo de 48 campos de trabalho, concentração e extermínio. Eslovacos, Judeus, Soviéticos, Polacos, etc., etc., etc…
Ainda há tão pouco tempo ocorreu este atentado à vida e à dignidade humanas e já a extrema-direita alemã está a emergir de novo em termos eleitorais. Tal situação ocorre principalmente devido à crise de refugiados e ao medo que o autodenominado Estado Islâmico pretende espalhar pelo Mundo todo. Os eleitores, atraídos e manipulados por estas questões, sentem-se cada vez mais atraídos por ideias de fecho de fronteiras e à possível expulsão de minorias, em vez de se tomarem medidas sérias no que toca à necessidade de PREVENÇÃO DE TERRORISMO.
Para finalizar, gostaria de criticar todos os ideais, que já foram seguidos e que hoje voltam, infelizmente, a estar em voga, passíveis de desencadear outra tragédia como esta. Há limites que não se podem cruzar. Violar a dignidade e a liberdade de outro ser humano é um deles. Demasiadas pessoas morreram, vamos fazer com que não tenha sido em vão. Vamos aprender e conseguir evitar algum acontecimento como este no futuro. «O Papa começou a conversa mencionando esta jornada importante para os judeus, mas também para nós, porque recordar as vítimas do Holocausto é importante para que esta tragédia humana nunca mais se repita» (Norbert Hofmann in Agência Ecclesia).
Se unicamente pelo nome “Mundo Interior” cheguei ao ponto de pensar sobre tudo isto, tenho a certeza que ninguém quererá perder o espetáculo. “Mundo Interior” – Sábado, 3 de fevereiro, às 21h30 no Teatro de Vila Real.
Nota: Texto em memória de todos os que foram, tanto diretamente como indiretamente, afetados por esta catástrofe mundial devido ao Dia Internacional da Lembrança do Holocausto – 27 de janeiro. Enquanto existir uma réstia de esperança, o futuro poderá mudar! «We got a thousand points and we won the game! Daddy and me came in first and now we won the real tank! We won! We won!» (Giosué Orefice in La vita è bella).
Rui Loureiro