O presidente da Agência de Desenvolvimento Regional do Vale do Tua, Fernando Barros, indicou à agência Lusa que finalmente “há avanços” no processo que já há alguns meses tem tido todo o equipamento pronto no terreno. Mas este encontra-se parado a aguardar pelos passos que, afiançou, começam agora a ser dados, embora ainda falte o acordo final entre organismos estatais. A EDP, como principal contrapartida pela construção da barragem Foz Tua, que se iniciou em 2011 e, que já se encontra concluída, impôs um novo plano de mobilidade, mas os prometidos barcos na nova albufeira e o comboio no que restou da centenária ferrovia continuam parados.
O regresso do comboio chegou a ser anunciado para o verão de 2017 e o operador turístico Mário Ferreira, a quem foi subconcessionada a operação, chegou a apresentar publicamente os barcos e os comboios com que promete criar uma nova dinâmica no Tua, depois de um investimento de 15 milhões de euros, dez dos quais disponibilizados pela EDP.
O presidente da agência, Fernando Barros, disse à Lusa que, depois de uma reunião com as várias entidades, que decorreu esta semana na secretaria de Estado das Infraestruturas, ficaram acordados alguns avanços. O primeiro é o início dos ensaios do equipamento, concretamente da locomotiva e carruagens para o próximo mês de fevereiro. “Isto é um dado muito importante porque vai permitir-nos saber e afinar e tirar todas as dúvidas para que esse equipamento seja considerado como adaptado àquelas condições e homologado”, concretizou o presidente da agência. Nos ensaios estarão presentes representantes da IP (Infraestruturas de Portugal), do IMT (Instituto da Mobilidade Terrestre) e o próprio operador turístico. Os testes serão feitos por maquinistas do Metro de Mirandela que ainda circula no que resta da linha, entre o Cachão e Mirandela. O novo plano prevê que prossiga do Cachão até à Brunheda, por cerca de 30 quilómetros. Da Brunheda até ao Tua, a oferta consiste em viagens de barco na nova albufeira.
Fernando Barros indicou que a IP vai elaborar um caderno de encargos desses trabalhos ainda necessários, como a retirada de blocos que ameaçam queda nas encostas do Tua e a prevenção de futuros deslizamentos. Estes trabalhos contemplam a instalação de equipamento informático, através de fibra ótica, “para detetar o movimento de blocos ao longo dos taludes”, além de drenagens e reabilitação dos carris entre o Cachão e Mirandela.
A EDP já disponibilizou, segundo o presidente da agência, “3,5 a 3,7 milhões de euros para estes trabalhos”, com a condição de que exista um acordo global para funcionamento de todo o plano de mobilidade. Esta condição significa que seja “encontrado o gestor das infraestruturas (ferrovia)” e esta continua a ser a questão do impasse.
“Eu gostava no meu mandato de ser eu a dar notícias à imprensa e à população de que estará tudo resolvido”, afirmou Fernando Barros que ainda não sabe quando serão “vencidas estas dificuldades”. Contudo, confessa que gostava de alcançar um acordo até ao final do mandato” na agência, que termina “em março, abril”. A EDP propôs assumir a tarefa “desde que a secretaria de Estado disponibilize as verbas necessárias para suportar o plano durante (os) 25 anos”, sendo devido às negociações nesse aspeto, que ainda não chegaram ao acordo final.
Mónica Oliveira