O dia mais assustador do ano está a chegar, e, porque não passá-lo com um clássico dos filmes de terror da nossa década: A Freira.
Se não conheces a Valak, uma espantosa freira, mas na qual não podes confiar, aconselho-te em ler este artigo, e saberás tudo o que precisas de saber para passar um bom momento e em boa companhia, durante uma hora e trinta e seis minutos.
A Freira: Um retorno a um estilo extinto
Lançado em 2018 e realizado por Corin Hardy, A Freira (The Nun no original) é um filme de terror inserido no universo cinematográfico de Conjuring, uma franquia que redefiniu o género no início dos anos 2010. Produzido por James Wan, o mestre contemporâneo do terror, este filme foca-se numa das figuras mais assustadoras desse universo: “Valak”, o demónio que assume a forma de uma freira, apresentado em Conjuring 2 (2016).
Sinopse: Uma investigação nas profundezas do mal
A história de A Freira passa-se em 1952, na Roménia. Após o misterioso suicídio de uma jovem freira num convento isolado, o Vaticano envia o padre Burke (Demián Bichir), um sacerdote com segredos pesados, e a irmã Irene (Taissa Farmiga), uma jovem noviça ainda em formação, e que está em plena busca da sua vocação, para investigar os estranhos acontecimentos. Mas muito rapidamente percebem que o convento esconde mais do que um simples lugar de culto: uma força demoníaca opera lá, manifestando-se na forma da sinistra freira Valak.
As Personagens:
A Freira centra-se essencialmente em duas personagens principais: o padre Burke e a irmã Irene, os nossos protagonistas. O primeiro, interpretado por Demián Bichir, é um sacerdote atormentado pelo seu passado, já tendo enfrentado casos de possessão demoníaca. O seu caráter sério e ponderado contrasta com a juventude e frescura da irmã Irene, interpretada por Taissa Farmiga, cuja presença na investigação é ditada por visões que teve na infância. O elenco consegue dar profundidade às personagens, embora o foco esteja principalmente na ameaça omnipresente de Valak. Um dos pontos fortes do filme é a interpretação de Bonnie Aarons, a atriz que encarna Valak. A sua atuação, acompanhada por uma maquilhagem arrepiante, faz da freira demoníaca uma das figuras mais assustadoras do terror moderno. Apesar do seu tempo em cena ser relativamente limitado, cada aparição de Valak é marcante, criando um clima de terror crescente.
A atmosfera gótica
O que distingue A Freira de muitos filmes de terror contemporâneos é a sua atmosfera gótica opressiva. O convento em ruínas, situado numa paisagem rural e sombria, torna-se quase um personagem do filme. Os seus longos corredores escuros, paredes cobertas de cruzes e catacumbas assustadoras servem de cenário perfeito para o terror sobrenatural. A conceção visual do filme, inspirada no cinema gótico clássico, remete para os filmes de terror dos anos 60 e 70, modernizados pelos efeitos visuais atuais.
A cinematografia, assinada por Maxime Alexandre, é especialmente eficaz. O jogo de luzes e sombras é omnipresente, contribuindo para criar uma tensão palpável. O filme usa habilmente os contrastes visuais entre a pureza aparente das freiras e as trevas que as envolvem, reforçando o tema da luta entre o bem e o mal.
O Medo: O jogo do susto
Como muitas produções recentes do universo Conjuring este novo filme A Freira combina sustos repentinos com um terror mais subtil, baseado na atmosfera e na antecipação. O realizador Corin Hardy equilibra cenas tensas, onde o espectador sabe que algo terrível vai acontecer, com momentos de puro horror em que o demónio aparece de forma inesperada. Esta alternância entre suspense e choque é o núcleo da mecânica de terror do filme.
Conclusão: Uma experiência de terror sobrenatural e gótica
Em resumo, A Freira é um filme que, apesar de algumas falhas narrativas, captura a essência do terror gótico com uma estética sombria e angustiante. Expande o universo Conjuring ao explorar a origem de uma das suas personagens mais aterrorizantes, oferecendo ao público uma nova experiência assustadora. É um filme que agradará tanto aos fãs desse mesmo universo, como àqueles que procuram uma imersão numa atmosfera visualmente opressiva e num terror sobrenatural.
Então, convencidos?
Texto: Márcia Silva
Imagem: Tiago Santos