“MaXXXine” prova que às vezes menos é mais

“MaXXXine” prova que às vezes menos é mais

“MaXXXine” (2024) é o terceiro capítulo da trilogia criada pelo diretor Ti West, que segue os eventos de “X” (2022) e “Pearl” (2022).

Na década de 1980, a estrela do cinema pornográfico Maxine Minx tem a oportunidade de atingir o estrelato em Hollywood. No entanto, um misterioso assassino em série começa a espalhar o terror ao perseguir as celebridades de Los Angeles, ameaçando revelar o passado sinistro de Maxine.

É incrível como cada filme desta trilogia consegue transmitir a sua própria natureza sem perder a conexão e a coesão com os seus antecessores, mas devo admitir que “MaXXXine” (2024) desapontou-me.

O diretor e argumentista Ti West subverteu um dos principais clichês dos filmes de terror com “X” (2022) ao nos apresentar como a jovem Maxine (Mia Goth), uma aspirante atriz pornográfica, como uma final girl não muito convencional, uma vez que uma das principais regras dos filmes de terror é: “não faças sexo se quiseres sobreviver”.

Em “Pearl” (2022) West explorou o lado mais psicótico da antagonista do filme anterior, obrigando o expectador a refletir sobre as consequências das emoções e dos sentimentos oprimidos.

Já em “MaXXXine” (2024) a impressão que fica no ar é que Ti West tinha muitas ideias para este capítulo e, como não conseguiu decidir quais é que queria aproveitar, a experiência que o filme proporciona é, no mínimo, confusa.

Nos primeiros 20 minutos o filme consegue empolgar o expectador, não só pelo carisma do elenco principal, mas também, por despertar a atmosfera da década de 80 a partir da excelente representação dos cenários típicos da época.

Porém, é notório que a principal entrave do projeto foi o argumento de West, e isso fica implícito a partir do momento em que o filme acha que têm uma grande surpresa na manga quando na verdade o expectador consegue antecipar o rumo que a história vai tomar. Além disso, o filme alterna entre géneros e subgéneros que combinam com o terror contemporâneo, como o romance policial, Thriller, Slasher e Diallo, mas não se mostra muito seguro sobre qual deles é que quer fazer predominar, tornando a experiência oscilante e em parte episódica.

Acho que o verdadeiro destaque vai para a direção de Ti West por causa sua criatividade na condução das cenas, mas devo admitir que o clímax final de “MaXXXine” (2024), apesar de poético e metalinguístico, esteve muito aquém do prometido, mas não tenho em mente outra forma de como esta história poderia ter terminado.

Mia Goth juntamente com Elizabeth Debicki, Simon Prast, Giancarlo Esposito arrasaram nos seus respetivos papéis, mas claro que as participações de especiais de Lily Collins, Halsey e Kevin Bacon não ficam atrás.

Diria que “MaXXXine” (2024) não é um mau filme, afinal tem boas cenas com boas ideias dignas de um filme de terror. Mas não instiga o expectador a uma reflexão mais profunda como os dois filmes anteriores da trilogia.

Apesar de todos os pontos negativos que mencionei, “MaXXXine” (2024) consegue ser um filme acima da média comparando com outros filmes do género, mas deve ser assistido de mente aberta e de forma despretensiosa.

De 0-5: 3

De 0-10: 6

Texto: Ivo Pereira

Imagem: Eduarda Paixão