76% dos alunos consideram-se prejudicados por este ensino à distância.
O Torgador realizou uma investigação que contou com 573 inquiridos e que pretende avaliar a forma como os estudantes da UTAD estão a lidar com o ensino à distância, dos inconvenientes que este método gera no percurso académico e da possibilidade de retoma das aulas presenciais.
A maior parte dos inquiridos aponta a sobrecarga de trabalhos, os métodos de avaliação injustos e a ineficácia na aprendizagem de conteúdos como os principais problemas: “Este tipo de ensino é medíocre e ineficaz. Não estou a tirar aproveitamento nenhum e a minha média irá baixar devido ao pouco rendimento que tenho tido das aulas”. Há quem considere que a avaliação se tornou mais rigorosa e que, pelo contrário, deveria ser mais flexível, e que o tempo para realizar frequências é muito reduzido.
A inflexibilidade de alguns professores é também bastante mencionada: “Os docentes que não são compreensivos com os alunos, apenas querem mostrar resultados. Sinto que estou a atingir um esgotamento psicológico.” Dada a necessidade de permanecer por várias horas em frente a um computador, muitos são os estudantes que demonstram sinais de cansaço e mesmo problemas de visão: “Tenho insónias quase todas as noites e a minha visão tem vindo a deteriorar-se. Sinto que vou abandonar o barco a qualquer momento, pois já não aguento mais. O que me transtorna é que somos tratados como inúteis pois ninguém quer ouvir este nosso grito de socorro. Infelizmente, este ensino vai ser prejudicial para muitos finalistas que, tal como eu, queriam ingressar em mestrado. Foi tudo por água baixo.”
Muitos alunos apontam o pagamento do valor total de propinas como algo que tem de ser ajustado: “Não faz sentido pagar o mesmo quando as condições não são as mesmas. Aliás, são bastante piores e precárias”.
Dadas as diferentes circunstâncias de cada um e a diversidade de cursos e conteúdos, as opiniões dividem-se. Há estudantes que anseiam o regresso a pelo menos algumas aulas presenciais, nomeadamente as mais práticas e cujo e-learning não consegue satisfazer. Por outro lado, mesmo com medidas de prevenção da COVID-19, há quem ainda considere cedo voltar à universidade.
76% dos inquiridos afirmam que o ensino à distância prejudica ou irá prejudicar a avaliação, contra 24% que não veem aspetos nefastos, em relação às classificações, nestas aulas via internet.
35% dos alunos consideram que as aulas presenciais, nem que sejam as mais práticas ou as do último ano de ciclo, possam ser retomadas este mês de forma segura, se medidas como o distanciamento e o uso de máscaras forem generalizadas.
A esmagadora maioria dos estudantes (80%) considera que o e-learning não substitui o ensino presencial. O balanço positivo realizado pelo reitor da academia transmontana e por alguns docentes, assim como a possibilidade, referida por António Fontaínhas, deste método ser aplicado no futuro contraria a vontade dos estudantes, tendo em conta os resultados obtidos nesta questão.
Biologia, Bioquímica, Biomédica, Ciências da Comunicação, Ciências do Desporto, Enfermagem, Engenharia Informática e Relações Empresariais são alguns dos cursos que mais manifestaram a necessidade do ensino presencial, dada a praticidade das aprendizagens.
Os estudantes finalistas demonstram também uma preocupação acrescida e consideram que, numa eventual abertura da universidade, deveriam ter prioridade, uma vez que se encontram no último ano de ciclo e que é a última oportunidade para subirem a média ou melhorar alguma avaliação.
Uma investigação O TORGADOR