Aliado à pandemia do COVID-19, surge a prevenção e o consequente encerramento por tempo indefinido do sistema de ensino presencial.
Em consequência, imobilizaram-se todos os estabelecimentos de ensino para evitar que seja um local de fácil propagação do vírus e procurou-se uma alternativa para que se pudesse dar seguimento ao ensino. Após várias “discussões” sobre possíveis soluções, onde já se falava de “aulas no verão” e em “congelar a matrícula”, surge a ideia de utilizar plataformas online para dar continuação ao ensino. No caso da Universidade de Trás-Os-Montes e Alto Douro, e na minha opinião, o sistema de ensino online é inexecutável. É certo que plataformas como o Moodle, Zoom ou Hangouts permitem o ensino online e permite um acompanhamento frequente por parte dos docentes. Não obstante, é um sistema que falha quer a nível comunicativo, quer a nível informático. Falha a nível comunicativo, pois estar numa plataforma online com mais de quinze ou vinte participantes, para além de gerar ruído e dificultar a transmissão da informação, o(a) docente não tem controlo sobre os discentes. Noutro ponto de vista, os alunos perdem toda a concentração visto que estão num espaço familiar, o que propicia a desconcentração. Por fim, falha a nível informático, porque muitas das plataformas não estão preparadas para serem assoladas por várias instituições de ensino ao mesmo tempo e por milhares de alunos. Falha, porque é demasiado instável, e aliado à instabilidade dos servidores e à fraca Internet em vários pontos do país, o docente perde involuntariamente a capacidade de ensinar o que quer que seja.
Na minha perspetiva, a solução mais eficaz seria congelar a matrícula. Os conteúdos seriam dados nas aulas presenciais e assim evitava-se a tal perda de informação, visto que é mais fácil para acompanhar e lecionar a matéria de uma disciplina. Atrasar-nos-ia a licenciatura um ano, mas mais vale perder um ano do que milhares de vidas! Isto do ensino online é bonito na teoria, mas na prática não nos faz apreender a matéria como devia. No fim, haverá matéria que foi dada em vão e que acabou por ser desprezada e, se todo este alarme do covid-19 acabar a tempo, teremos uma frequência com a matéria que foi lecionada antes do surto, com a matéria que supostamente foi lecionada online e com a matéria dada após a pandemia. Como é de supor, vai haver uma falha no que toca ao conteúdo que nos foi ensinado virtualmente, porque o ensino português nunca nos preparou para tal coisa nem os docentes souberam como agir.
A verdade é uma só: “Estar de quarentena não são férias”, mas é bom que não se esqueçam que a quarentena também não é período de aulas e que os estudantes não têm culpa do que aconteceu!
Carlos Carvalhosa