João Moura, ”O Monstro”

João Moura, ”O Monstro”

Nem sei como começar este artigo. Este assunto indigna-me há demasiado tempo. Como é que é possível não se fazer nada sobre o maltrato de animais em Portugal? Ah, verdade! Estamos em Portugal, lugar este onde nem os homicídios, muitas vezes, são levados a sério.

No mês passado, um ser (que para mim não tem o direito de ser chamado homem, muito menos ser humano) tinha em sua posse 41 animais de “estimação”. Escrevi entre aspas, pois este senhor não sabe a definição de animais domésticos. Até, porque, este só os tinha como fonte de dinheiro, meramente usados como objetos em corridas.

Se não se recordam quem este “ser humano” é, eu elucido-vos. Ninguém mais, ninguém menos que o cavaleiro João Moura. Alias, já não bastava ser toureiro, ainda tem uma produção de cães galgos em casa, muitos deles nem tendo a sua existência reconhecida em Portugal. Inacreditável! Alguém que me ajude a compreender quais as condições de prisão neste país, porque eu já desisti de o tentar fazer. Provavelmente devem estar a perguntar-se o porquê de eu estar a perguntar isto. Eu respondo. É inadmissível que em 2016 tenham saído notícias expondo que João Moura queria apenas ganhar corridas, criados galgos de propósito para este fim, e que a sua pena seja tão reduzida. É extraordinário ver que o máximo que pode acontecer é ser condenado a dois anos de prisão. DOIS ANOS pelo abandono, mau trato e morte de animais. Isto indigna-me de uma maneira que não tem explicação. No entanto, não sei se fico mais revoltado pelo facto de João Moura continuar a ter estes cães em casa (desde 2016, saliento), “porque estavam bem de saúde”, ou por ele não sentir o mínimo de peso na consciência. Que irritação!

Será que os erros que cometeu não foram já suficientes? Volto a repetir, o cavaleiro não sentiu qualquer peso na consciência e a desculpa que usa é que “Não matei ninguém, não roubei ninguém, não tratei mal os meus cães. Alguns estavam magros, mas não os tratei mal!”. Pois, claro que não. De 41 cães de raça galga, dezoito desnutridos foram-lhe retirados, um dos animais morre assim que chega ao “Cantinho da Milu” (local onde estes dezassete galgos estão a recuperar) e continua a afirmar que “estavam bem de saúde”?

Agora, quero pedir a todos que estão a ler este artigo que reflitam sobre as seguintes questões. Será que João Moura só deve, possivelmente, ser condenado a dois anos de cadeia? Será que deveria ter ainda em sua posse 23 cães? Será que não deveria ter nenhuma avaliação psicológica por não sentir qualquer culpa? Pois, a meu ver, há aqui muitas coisas erradas. Mas em Portugal as situações parecem ser sempre avaliadas de forma diferente.

Tiago Ribeiro