Na passada quarta-feira, realizou-se mais debates para as eleições legislativas de 10 de março, onde colocou frente a frente Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS, e André Ventura, líder do CHEGA. Este debate aconteceu na TVI.
O destaque deste debate vai para a luta contra a corrupção e para a saúde e o SNS.
O primeiro tema foi ligado com a notícia do dia: a decisão do juiz de instrução encarregado do caso de corrupção na Madeira deixar sair em liberdade as três pessoas que estavam detidas. O PS considera preocupante o tempo de detenção de 21 dias, mas afirma “que tenha sido o tempo necessário para que o juiz de instrução sinta segurança naquilo que produziu”, com o anúncio de recurso pelo Ministério Público, socialista entende que “temos a justiça a funcionar”.
Já o CHEGA discordou: “os factos que nós conhecemos, de enriquecimento de alguns personagens à vista de todos”, de “não-declaração de património” por Miguel Albuquerque e de “metade dos apoios públicos à habitação” serem entregues “a uma empresa”. André Ventura atacou ainda a “apresentação de recursos para atrasar a justiça”, dando como exemplo o caso de José Sócrates. O Pedro Nuno santos afirmou estar “preocupado com a morosidade da justiça”, mas afirma ainda que “Eu cá nunca fui condenado e, portanto, nunca senti a necessidade de recorrer. André Ventura já foi condenado por difamação e recorreu. Sentiu que deveria exercer esse direito”, acrescentou.
André Ventura afirmou que não tinha sido condenado por difamação ou num processo crime. Mas a verdade é que foi condenado, e o recurso foi rejeitado pelo Tribunal da Relação de Lisboa.
O segundo tema foi a saúde e o SNS onde o secretário-geral do PS defendeu a proposta de obrigar médicos a ficar no Serviço Nacional de Saúde por um período após a conclusão da especialidade onde afirmou que a medida “não será uma imposição”, mas que vai de encontro com “as condições, os estímulos necessários para que nós consigamos recrutar” e “manter médicos no SNS”, afirmando ainda que é necessário ouvir e negociar.
Para André Ventura, a proposta “não só não faz sentido como mostra bem como Pedro Nuno Santos é um candidato impreparado para ser primeiro-ministro”, apontando que “a ideia não era esta, era amarrar mesmo os médicos”, e chamou o socialista de “candidato amnésia”.
O líder da extrema-direita afirmou que o “rombo nas contas públicas está nos ministérios com prejuízo de três mil milhões de euros”, e não nas propostas do Chega, Pedro Nuno Santos atacou logo, criticando o seu adversário por continuar “sem saber as contas do seu programa”.
“Uma boa gestão deste país não só resolvia o problema como punha o país a crescer 4% ao ano”, atirou Ventura, antes de ouvir de novo que “não é para levar a sério” porque “o Chega baixa impostos, acaba com uma série deles, aumenta a despesa, tem resposta para toda a gente”, afirmou o secretário-geral do PS
Argumentou ainda que o aumento de pensões proposto pelo Chega custa nove mil milhões de euros “todos os anos”, pelo que a economia “teria de crescer 3 a 5% durante 40 anos” afirmando que André Ventura não está preocupado se o programa é viável ou não, mas sim em “enganar as pessoas”.
Ventura respondeu Pedro Nuno Santos chamando-o de “ministro trapalhadas”, lembrando a polémica da TAP e acusando-o de gerir esse dossier através do WhatsApp. Acusou-o também de, durante o seu período no governo o país ter registado “a construção mais baixa do século”, mostrando um gráfico.
Pedro Nuno Santos corrigiu-o dizendo que “Isso são números da construção privada”, acusando o líder do CHEGA de “mentir”. “Sou um ministro com resultados para apresentar”, afirmou.
No fim do debate, o líder do PS confrontou o líder do Chega sobre as declarações em que disse ter a “garantia total” de que uma maioria de direita resultaria num “governo de direita, com ou sem Montenegro”, e pediu a André Ventura para ter “coragem” para dizer quem lhe tinha garantido.
O líder do partido de extrema-direita afirmou que Pedro Nuno Santos “não é de direita nem é interlocutor”, e que por isso não teria que “dar nomes” alegando que a principal preocupação “não é acordos nem viabilidade, é a luta contra a corrupção”.
Texto: Alexandre Garcia
Imagem: DR