O debate da passada quinta-feira, dia oito de fevereiro, colocou frente a frente Mariana Mortágua, coordenadora do Bloco de Esquerda e Rui Tavares, fundador do Livre.
Um debate marcado por alguma discordância nas propostas que defendem, mas com os mesmos alvos, acabou por se revelar um encontro mais divergente do que seria esperado.
O início do debate ficou marcado pela possível ausência do líder da AD, Luís Montenegro, dos debates com o Livre e a CDU, colocando a hipótese de ser substituído por Nuno Melo. Para Mariana Mortágua, as regras foram acordadas antes de começarem os debates e não era justo estarem agora a ser mudadas a meio por uma das partes.
Já Rui Tavares encarou a situação com algum humor, dizendo-se “chateado” com a opositora por ter levado o líder da AD a não querer aparecer nos dois debates, no qual está incluído um contra o partido Livre.
A coordenadora do Bloco de Esquerda foi confrontada com as declarações sobre a sua avó num anterior debate, no entanto não quis “detalhar casos particulares” e apressou-se a desviar a resposta para a lei das rendas de 2012.
O Livre apoia, para além da semana de quatro dias, o rendimento básico incondicional.
“O Livre quer que se experimente, com 20 a 30 milhões de euros, em duas comunidades portuguesas e que nos permite saber sobre Rendimento Social de Inserção e RBI, as pessoas com RSI procuravam menos trabalho, e com o RBI era um incentivo à procura de trabalho e resolve-nos problemas administrativos, em que há pessoas que recebem duas vezes, outras que não deviam receber recebem.“, explicou Rui Tavares
Por sua vez, o BE apoia a implementação imediata da semana de quatro dias, algo que o Livre vê apenas como experimental.
Outro dos pontos que levanta divergências entre ambos os partidos é relativamente à NATO. A coordenadora do BE evocou a Constituição da República Portuguesa quando questionada sobre se o seu partido apoia a saída de Portugal desse organismo.
“BE apoia a autodeterminação dos povos e por isso apoiamos a Ucrânia e o seu direito à defesa. Relativamente à NATO sabemos o contexto histórico, a entrada foi na ditadura de Salazar. A NATO estava em morte cerebral, como disse Macron, e surge depois da guerra na Ucrânia de uma outra forma. A Constituição diz precisamente para acabar com os blocos militares e queremos olhar para a paz”, respondeu, vagamente.
Por sua vez, o porta-voz do Livre defendeu que o partido se assume europeu e que defende a cooperação entre os países em matéria de segurança.
Estiveram ainda em debate a questão da habitação e da retenção de jovens no país.
Texto: Carlos Pereira Cardoso
Imagem: DR