No passado dia 7 de fevereiro, Rui Rocha e Rui Tavares estiveram frente a frente na CNN num debate para as legislativas de 10 de março.
Embora se tenha dado início aos debates há poucos dias, para Rui Rocha, da Iniciativa Liberal, esta já é a sua terceira ronda, enquanto isso Rui Tavares inicia agora as suas.
Entre IL e Livre existe um mundo ideológico de distância, o que se tornou evidente nas suas posições a respeito do SNS, da habitação, da carga fiscal e dos impostos, onde discordaram na maioria.
Os impostos foram o primeiro tema em cima da mesa e a discórdia começou de imediato, a Iniciativa Liberal reafirma que o objetivo seria chegar ao fim da legislatura a crescer 4%, para assim ser notável uma melhoria no país. Rui Rocha considera ainda que o Livre nada tem a apresentar aos portugueses de diferente das medidas do PS, “temos mais do mesmo”.
Rui Tavares, por sua vez, acusa IL de ter uma “visão arco-íris”, de não querer ter uma Estado ativo e de no seu programa eleitoral dizer que “o Estado investidor e estratega não existe, são os privados que o fazem”.
No que corresponde ao assunto da saúde, Rui Rocha quer reconfigurar o sistema, ao estilo alemão, e Rui Tavares quer, apenas, reconfigurar a “canalização”. O Livre deixa a porta aberta aos privados, mas alerta para a facilidade com que essa pode deixar entrar uma “concorrência desleal” no setor. Volta também a defender o SNS que “está a lutar com uma venda nos olhos e as mãos atrás das costas”.
O presidente da IL defendeu que os privados têm ainda mais para dar “alterando ainda mais radicalmente o sistema”, e voltou a dar o exemplo do tempo de espera para ortopedia no Garcia de Orta, um argumento já usado noutro debate. Rui Rocha defendeu também que o utente deve poder escolher se quer ser assistido no público ou no privado, ideia rejeitada por Rui Tavares.
“Sabemos que um rico e um pobre entra com uma cara diferente num restaurante. Num restaurante é lamentável, num hospital é inaceitável. Quero que todos os portugueses entrem de cara levantada no hospital, que sabem que não saem de lá falidos”, afirma o presidente do Livre.
Na Habitação as divergências permanecem, o Livre defende o congelamento das rendas e IL acredita que a solução passa pela criação de mais casas. Rui Rocha chegou a citar André Ventura a descrever o IMI como o “imposto mais estúpido do mundo”.
O Partido Socialista apenas voltou a ser tema no final do debate, quando Rui Tavares assegurou que o “Livre não está disponível para dar a mão ao PS” e que as “maiorias absolutas são indesejáveis” e que o objetivo é uma “maioria corrente”, com temas de “ambiente, educação, questões de futuro”.
Texto: Ana Margarida Silva
Imagem: DR