Albert Einstein uma vez disse: “Qualquer um pode ser um génio”. Se julgarmos um peixe com base na sua capacidade de subir uma árvore, ele irá pensar que é um incompetente e nunca verá a sua verdadeira habilidade.
O ensino transforma milhões de pessoas por ano em máquinas. A quantidade de crianças que se sentem como este peixe, sem encontrar a sua habilidade natural, que pensam que são incompetentes e acreditam que são inúteis, é bastante elevada.
O ensino mata a criatividade e individualidade do indivíduo, sem referir que é intelectualmente abusivo. É uma instituição antiga que sobreviveu durante anos e nunca mudou. Manteve-se sempre igual, com alunos organizados em filas retas e ordenadas, as ordens para se sentarem e levantarem, a mão se quiserem falar, ir à casa de banho, mas não antes de responder às perguntas do professor, tais como: “Porque é que não foste antes da aula?”. Um pequeno intervalo para comer e 8 horas a “ensinar” como pensar.
Infelizmente, isto não é de agora. Era assim no tempo dos nossos pais, avós e até antes, se tivessem a oportunidade de irem para a escola. De facto, nunca passou por muitas mudanças. Ok, já não há palmatória, mas continuam a afirmar preparar os alunos para o futuro, mas com estas evidências preparam-nos para o futuro ou para o passado? A escola foi feita para treinar pessoas para trabalharem em fábricas. Até a competição pela melhor nota (a nota que define a qualidade do produto).
Hoje em dia, não é preciso criar máquinas. Os patrões já não querem saber das notas ou de conhecimento factual. Hoje em dia, com o Google, Siri ou ChatGPT, esse conhecimento factual torna-se obsoleto. O mundo progrediu e agora precisamos de pessoas que pensem de forma criativa, inovadora, crítica e independente, com a capacidade de se conectarem.
No futuro, grande parte das profissões vão ser automatizadas, ou seja, as pessoas bem sucedidas terão de ser curiosas, inovadoras e resilientes para se adaptarem às novas mudanças. Resolver problemas do mundo real de forma criativa e não apenas seguir instruções. E o foco da escola não é esse. O foco é regurgitar informações e fazer testes, mas no mundo de hoje a criatividade é o mais importante. Afinal, tarefas repetitivas e chatas podem ser automatizadas e nada melhor do que uma máquina para fazer esse mesmo trabalho.
Qualquer cientista dirá que não há dois cérebros iguais e qualquer pai com mais de dois ou três filhos confirmará isso. Até gémeos verdadeiros, que partilham os mesmos genes a 100%, são diferentes.
Howard Gardner surgiu com uma teoria de inteligências múltiplas (lógica matemática, linguística, visual-espacial, corporal-cinestésica, musical, interpessoal, intrapessoal, naturalista e existencial). Ele afirmou que existem aprendizes auditivos, cinestésicos, pessoas que aprendem através do toque, de histórias, ver que todos temos dons e pontos fortes diferentes. Criar um sistema educacional onde apenas um tipo de inteligência é favorecida não é apenas injusto, é um absurdo. É algo que mata as habilidades e individualidades.
Então, porque é que a escola trata os alunos como se fossem todos iguais? Se um médico prescrever o mesmo remédio para todos os pacientes, os resultados serão trágicos. Uns vão melhorar e muitos vão continuar doentes. Mas quando o assunto é a escola, é exatamente isso que acontece, este abuso educacional onde um professor fica frente a frente com 20 crianças, todos com necessidades diferentes, dons diferentes, sonhos diferentes. No entanto, todos aprendem as mesmas coisas, da mesma maneira. Isto é no mínimo preocupante!
É de salientar que os professores têm um dos empregos mais importantes do planeta, ainda assim os alunos estão cada vez mais mal educados e o “não chumbar” faz com que torne difícil manter a motivação e a paixão pelo ensino. Os professores são heróis que, muitas vezes, levam com a culpa, mas eles não são o problema. Eles trabalham para um sistema sem muitas oportunidades. Sistema obcecado por testes padronizados. Acertar perguntas de escolha múltipla irá determinar o sucesso de um indivíduo. O próprio Frederick J. Kelley, o homem que criou os testes de escolha múltipla, admitiu que eles deveriam ser abandonados.
“Podemos levar um cavalo até a água, mas não o podemos obrigar a beber”, mas se pusermos sal na ração ele vai beber. Um professor que saiba cativar os alunos, que consiga chegar ao âmago de cada coração, em cada aula, vai fazer com que eles evoluam e cresçam.
Ser professor é preocupar-se com o futuro que é incerto e que ainda não existe. É preciso paixão e compaixão, pessoas inspiradas e sábias para conduzir o mundo para um lugar melhor… E não é só responsabilidade dos professores, mas também dos familiares. Um dos maiores fatores para o sucesso na infância não é o QI, mas sim as refeições em família.
Claro que a matemática é importante, mas não mais importante do que a arte ou a dança. Vamos dar a cada habilidade uma chance igual. Pode parecer difícil, mas em países, como a Finlândia, estão a mudar o sistema de ensino deles. Têm dias mais curtos, os professores são bem pagos, tpc´s são inexistentes e eles concentram-se na cooperação ao invés da competição. Mas a parte mais impressionante é que o seu sistema educacional supera o de qualquer outro país do mundo, ficando várias vezes no 1º lugar do ranking mundial. Enquanto os alunos são 16% da nossa população, eles são 100% do nosso futuro. Devíamos esforçar-nos em melhorar o local onde são obrigados a ficar por 12 anos.
Para que é que serve a escola? Quando acabamos o 12º ano ou o equivalente, não sabemos pagar impostos, preencher o IRS, comprar uma casa ou pedir um empréstimo, fazer um contrato, fazer investimentos, fazer um crédito ou conseguir um emprego. Podemos acabar a escola com a nota máxima, mas o que é que ganhamos? Um diploma chique para ficar em casa. Felizmente, ensinam-nos algumas habilidades importantes, como saber que tipo de oração está numa frase, a fórmula resolvente e para que serve a mitocôndria. Afinal, estas informações são essenciais para a nossa sobrevivência.
Na verdade, eu estou a mentir. A maioria das coisas que aprendi na escola eu esqueci, tal como grande parte dos alunos. Todos nós evitamos contacto visual com o professor para não sermos chamados pelo simples medo de errar, o que prova que a escola não é um ambiente para aprender ou desenvolver o intelecto. É apenas um jogo para obter notas.
Quando a pergunta mais comum numa aula é: “Isto sai no teste?”, nota-se que a escola realmente coloca o aprender à frente dos testes e da memorização como o padrão máximo. Colocam alunos na tortura de lerem 150 páginas, resolverem problemas de matemática do 1 ao 47 e terem 3 projetos para entregar, tudo isto no espaço de uma semana. Tanto trabalho, mas eles nunca nos ensinam a gerir o nosso tempo. Somos controlados por sinos, temos que aprender em salas com o Feng Shui de uma cela da prisão.
As escolas ensinam a memorizar pontos, a “verdadeira” educação deve ser ensinar como conectá-los. A “verdadeira” educação ensina como pescar. A escola ensina: “sim, tu pescaste o peixe, mas não mostraste o teu trabalho”, “não é a maneira mais correta, então não conta.”
Não quero com isto dizer que a escola não é importante. Precisamos de ler, escrever e um pouco de aritmética. Mas não podemos afirmar que rochas metamórficas e magmáticas são mais importantes que o autocuidado?
Se o suicídio é a terceira principal causa de morte dos 10 aos 29 anos, então, por favor, expliquem-me o porquê de não sermos ensinados a lidar com o stress, intimidações, rejeição, ansiedade e depressão, e até mesmo com burnouts? Afinal, são habilidades que precisamos para as nossas vidas. Até há bem pouco tempo eu nem sabia cozinhar (e pouco sei honestamente). Mas pelo menos posso citar as datas e locais das invasões napoleónicas. Se formos a ver Mark Zukenberg, Bill Gates e Elon Musk foram pessoas que desistiram da universidade e que se tornaram pessoas de grande sucesso e poder.
Não estou com isto a querer influenciar pessoas a desistir da escola. Algumas escolas são ótimas e muitos professores são tesouros raros. Estou só a dizer que há uma diferença entre as pessoas que são inteligentes e as pessoas que tiram melhores notas.
Não é um teste que vai definir a nossa vida, pelo menos não devia, devíamos ser nós próprios. A verdadeira educação não é meramente aprendida através de um livro didático e a forma de provar que se compreende alguma coisa não é meramente através de um teste.
José Alves