Tenho apenas dois sonhos: um é instituir a paz no mundo, o outro é proibir a geração baby boomer e um quarto da geração X de usufruir do Facebook. Aquilo não foi feito para eles, meus amigos. O Facebook está para eles como uma betoneira está para a Venezuela. Eles obrigatoriamente têm de ser alertados para o facto do Facebook não ser um jogo do pião, nem uma brincadeira com caricas, muito menos se assemelha ao jogo da malha. É tão perigoso como retirar cera dos ouvidos com uma maçaroca.
Devemos fazer de tudo para que eles não invadam uma coisa que nos pertence. Eles não sabem a vergonha que é usar uma foto de perfil só com os olhos e a testa. Passam de António Joaquim a alerta pedófilo. Eles desconhecem que um perfil só com gatos e duas fotos dos filhos é razão para torcer o nariz. Assim como um taxista de Oliveira de Azeméis com uma foto de perfil a ver-se a barriga e metade da cara, sobressaindo de relance um duplo queixo, é um alerta de que vem aí uma chuva de masturbação.
Este pessoal não sabe usar o Facebook. Pensam que é um bar de alterne: primeiro escolhem uma moça e depois pega lá p*la. Ou as mulheres, que se registam com uma foto de perfil de há dez anos atrás quando tinham cinquenta, e pega lá: “oi, cmo vaix?” Manifestando um enorme desleixe na sintaxe. E se há coisa que abomino numa mulher de sessenta anos é o hábito de leitura de Raul Minh’Alma.
Vamos impedir esta gente. O Facebook celebra este ano quinze anos de existência, e não há ano melhor do que este para expulsá-los de lá. Um dia acordas e o teu pai é o rebarbado mais conhecido do hemisfério sul, só por ter mostrado o pirilau a uma jovem que trabalha em fantoches de sombra na Indonésia.
De acordo com o DN, o Facebook anda à procura de jovens, fazendo Mark Zuckerberg investir no regresso, aliciando-os via Instagram. Reparem que já começa a haver uma desertificação alargada de jovens no Facebook. É preciso alertar o governo, senão o Facebook fica para os velhos como o interior de Portugal fica para as moscas. Não têm direito. Deixem o Facebook em paz. Voltem para o telegrama ou para as indignações de janela, comecem a falar mal do vizinho do terceiro esquerdo que passa a vida no Facebook. Ajudem-se uns aos outros a sair disto. Eu mesmo estou com uma enorme vontade de abandonar, até porque tenho namorada e o Facebook sabe muito bem – sabe tudo – que se for para me deixar ser enganado não vai ser certamente com um perfil adornado de gatos com trissomia, mas sim – permitam-me o romantismo aqui, preciso mesmo, senão fico a pão e água dois meses a fio – com uma valente matulona igualzinha à minha mulher.
(O autor aqui pisca o olho ao leitor)
De acordo com o jornalista David Kirkpatrick, “é possível conhecer melhor alguém pelo Facebook do que em dez anos de amizade com essa mesma pessoa.” Este senhor só deve ter conhecido verdadeiramente a sua mulher aquando ao pedido de amizade feito no final dos vinte e três anos de casados. Lançou-lhe três “likes” consecutivos e percebeu que efetivamente tinha um grande coração e era licenciada em direito. É o mítico cavernícola que gosta mais de ver pornografia do que realmente fazê-la. Depois vai a ver e a mulher está “numa relação complicada” e tem que andar a mandar “oi, cmo vaix” a todos os jovens com abdominais de aço. Incluindo a mim, mas todo a gente sabe que quem está comprometido só aceita pedidos dos primos e tios afastados.
(O autor aqui pisca novamente o olho ao leitor)
O Facebook não é seguro para vocês, acreditem. Mas também não se aventurem com o Instagram: estão lá os vossos filhos a fazer running, a mostrar mais os seios do que a própria Lituânia – que é linda, diga-se de passagem – ou uma praia nas Bahamas totalmente menosprezada pelo ângulo da foto que visa as pernas depiladas, a comer kiwi e a ler Pedro Chagas. E presumo que vocês não queiram um futuro assim para eles.
Comecem por abandonar as redes sociais e levem-nos, primeiramente, a uma livraria, vá.
Herman José