Acabou ontem a segunda semana do Giro D’Itália, com João Almeida (UAE – Team Emirates) a entrar no dia de descanso em quarto lugar. O português está a 22 segundos de Geraint Thomas (INEOS) e a 20 de Primoz Roglic (Jumbo – Visma), dois dos principais favoritos.
As primeiras duas semanas da Volta à Itália foram uma desilusão para a esmagadora maioria dos fanáticos por ciclismo. Os abandonos foram constantes, dizendo o Giro adeus a homens como Remco Evenepoel (Soudal) – campeão do mundo e principal favorito à vitória, Tao Geoghegan Hart (INEOS) – vencedor do Giro em 2020 e Aleksandr Vlasov (Bora – Hansgrohe) – líder da equipa vencedora da última edição desta grande volta. Os dois contrarrelógios, praticamente sozinhos, marcaram as pequenas diferenças que vemos agora e as etapas de montanha vêm acompanhadas de algum pretexto para a passividade dos principais favoritos à vitória. Algumas das etapas que os fãs mais ansiavam não trouxeram espetáculo, sendo uma delas encurtada para cerca de 70 quilómetros a percorrer, por causa de condições meteorológicas adversas. Perde o público, que espera uma volta mais atacada e perde o Giro, que pode sofrer bastante com uma já falada mudança da Vuelta para o mês de março, a partir de 2024.
Após a desistência por covid-19 de Remco Evenepoel (Soudal), que na terça-feira (etapa 10) já não partiu, Geraint Thomas (INEOS) assumiu a liderança e envergou a camisola rosa até à etapa 14 (a de anteontem). A fuga levou a melhor com a vitória de Nico Denz (Bora – Hansgrohe) e Bruno Armirail (Groupama) conseguiu ganhar mais de 20 minutos aos homens da frente, ficando líder com 1:41 de vantagem para o segundo. A INEOS deixou a distância aumentar, por não querer ter o peso de comandar a volta e assim Armirail (Groupama) fez história e tornou-se o primeiro francês a assumir a liderança de uma grande volta no século XXI. Mesmo assim a distância não vai ser suficiente para o homem da Groupama, que partirá amanha já só com um 1:08 de vantagem.
Ontem a UAE levou a melhor a todos os níveis, mostrando uma evolução depois das desastrosas abordagens às três grandes voltas em 2022 (Giro, Tour e Vuelta). McNulty ganhou a batalha tática com Marco Frigo (Israel) e com o explosivo Ben Healy (EF – Education) – que se tem mostrado em bom plano nesta 106ª edição do Giro – e venceu a etapa. João Almeida (UAE – Emirates), líder da juventude com com 20 segundos de avanço para Andreas Leknessund (DSM), atacou à sua maneira e conseguiu criar um corte, separando os favoritos do grupo do camisola rosa.
Hoje o pelotão descansa e volta na terça-feira, dia 23, para a terceira e última semana do Giro. A emoção ficou reservada para as etapas de amanhã, quinta, sexta e sábado, todas chegadas em alto com muitos quilómetros de acumulado. Destaque para a etapa 20, a de sábado, uma cronoescalada muito dura com média de 12% de inclinação por mais de 7 kms, de onde sairá o vencedor.
Texto: Tiago Santos
Imagem: Giro D’Italia