Racismo na Política

Sinto-me enojado!

Falo de tudo o que se passou no último debate parlamentar, quinzenal, e do momento mais nojento da governação de António Costa.

Por muito que custe a todos falar de temas tão sensíveis, temos de ter o discernimento de nos focar em resolver estes problemas: racismo, xenofobia e discriminação existem na sociedade portuguesa e não é apontando o dedo que deixarão de prevalecer.

A primeira parte do último debate foi dedicada à discussão sobre o contrato da concessão do serviço postal nacional, em 2020. Depois disto, o PCP, com o seu secretário, Jerónimo de Sousa, atacou o Bloco de Esquerda, por ter defendido a ação da polícia portuguesa. Levando o debate quinzenal para os episódios de violência policial que ocorreram no bairro da Jamaica, no Seixal.

António Costa respondeu a isto dizendo que o mais importante a dizer é que se iniciou a operação de realojamento deste bairro, no mês passado. Operação que levará dois anos a estar concluída. Inteligente intervenção do ponto de vista político, mas parece que foi uma tentativa para não falar mais da agressiva ação policial efetuada no bairro. Ação que foi defendida por alguns partidos no parlamento, como por exemplo o Bloco de Esquerda.

Depois de discutirem por mais de meia hora, sobre quem tinha culpa nesta situação política, económica e social, voltamos à primária. Vamos apontar o dedo aos outros. A culpa nunca é nossa! Pensando bem, esta realidade é transversal tanto em miúdos de seis anos como em universitários. Irritam-me as pessoas que só falam mal dos nossos políticos e da política em Portugal! São pessoas que ainda não perceberam que o nosso parlamento é o reflexo da nossa sociedade. Parem de apontar os dedos aos outros e comecem também a assumir as culpas. Vamos deixar de ser todos “crianças”. Claro que é pior quando as crianças estão no parlamento…; mas só cabe à sociedade portuguesa mudar isso.

Mas chegou o momento da intervenção parlamentar do CDS. Assunção Cristas proferiu as seguintes palavras, leio com atenção:

“- O senhor [António Costa] defende ou não defende a autoridade policial? E o que é que o senhor vai fazer para que isto sejam episódios isolados?”.

Ninguém adivinharia a resposta do senhor:

“- Mas está a olhar para mim, e deve ser seguramente pela cor da minha pele que me pergunta se eu condeno ou não condeno os actos de vandalismo em Portugal.”

O senhor jogou a carta racial.

Ao que isto chegou, meu Senhor! Isto é nojento. Teve o seu momento Serena Williams perante o árbitro português Carlos Ramos no US Open. Mas a Serena é o António e o Carlos Ramos é a Cristas. Se calhar não devia dizer isto, pode passar por racismo.

O primeiro-ministro deste país é uma vítima de racismo em plena assembleia geral. Mas teve piada. Não só pela reacção de toda a bancada parlamentar do CDS, como também pelo facto de ter sido a única pessoa deste país a pensar que tinha sido vítima de um ataque racial.

Este senhor não tem mesmo noção, mas os políticos portugueses nunca assumem culpas. Mesmo estando em tribunais por terem, “alegadamente”, beneficiado do poder que tinham para seu próprio benefício. Uma atitude deveras medíocre.

Cambada de crianças…

Pedro Rafael da Costa