A liberdade de ler

A liberdade de ler

Ler e saber ler é um dado adquirido na nossa vida, por isso é um ato que não questionámos. Não sabemos o que é olhar para um rótulo ou uma revista e não ver letras, nem palavras e ver desenhos sem sentidos.

Ler é um ato que faz parte da nossa liberdade, é algo que nos é permitido fazer, é uma sorte ter esta capacidade. Isto em conjunto com a oportunidade de escolher o que lemos, é a quase a liberdade no seu expoente máximo e nem temos noção disso. O mundo é tão imenso que temos tendência a viver o dia a dia na crença que a nossa realidade é geral e que todos vivemos de maneira parecida. Dói pensar no que será não poder ler o que nos apetece, dói pensar que existem lugares onde a simples liberdade de ler é condicionada. Ler é simples, ler é natural e dói pensar que na verdade nem sempre o é.

Para mim, ler é uma das 7 maravilhas do mundo e é a oportunidade de sair da minha cabeça lógica e entrar na minha imaginação, onde consigo imaginar pessoas e cenários que nunca vi, obviamente influenciados por tudo o que já vi na minha vida, desde uma paisagem numa viagem até ao cenário da minha mesa de jantar e é por isto mesmo que para mim ler é tão libertador. Todos podemos ler o mesmo livro, mas nenhum de nós o vai imaginar da mesma maneira, é tão livre que só nos dá palavras e deixa-nos fazer o resto.

Ler é uma fuga da realidade, que mesmo não sendo necessariamente má, nos permite aceder à possibilidade de não ter que viver sempre toda a nossa vida com os dois pés assentes na terra. Ler é usar os nossos sentimentos em algo que a princípio não é nosso, mas que no fim é parte de nós, é emprestar as nossas emoções a umas folhas de papel com palavras que parece que foram feitas para nós, mas na verdade são o libertar de palavras de outra pessoa.

Ler acaba por ser partilha, e partilha é liberdade. Ler é liberdade.

Paula Pacheco