Bragança vai acolher hoje a primeira marcha do orgulho gay distrito transmontano, com o intuito de tornar a cidade menos conservadora e mais aberta ao tema.
Organizada pelo movimento LGBT Bragança, constituído por 12 alunos do Instituto Politécnico, a marcha terá início na Praça Cavaleiro Ferreira e terminará junto ao castelo. O programa contempla também um sarau com um hino, a atuação do Fado Bicha e ainda com um espetáculo de transformismo e decoração, em memória das vítimas de discriminação, a realizar-se nos jardins ou na sala interior do Museu Abade de Baçal, dependendo das condições atmosféricas.
A marcha de Bragança acontece depois de Vila Real, em 2017, ter realizado a primeira marcha do orgulho gay na região transmontana, organizada pelo movimento Catarse.
Andreia Carvalho, membro do movimento Catarse, afirma que: “Estas manifestações sociais não são apenas importantes em Trás-Os-Montes. O seu impacto é transversal a todo o país. Sabemos que o litoral está uns anos à frente nesta luta e como tal, eventualmente e por lógica, as sociedades residentes nessas zonas portuguesas estarão muito mais sensibilizadas para o tema do que as do interior, onde o tema apenas foi abordado, pela primeira vez, no ano passado, com a 1.ª marcha pelos direitos LBGT de Vila Real”.
A mesma considera que a marcha trará “implicações positivas” para toda a comunidade: “A ideia é mesmo essa: o assunto fazer-se ouvir, que as pessoas deixem de ter medo de sair à rua, que não se sintam sozinhas, porque o problema não é de quem é homossexual, ou bissexual, ou transsexual, mas sim da ignorância e conservadorismo da sociedade”, refere.
Sem papas na língua, assim que questionada sobre a não-aceitação sobre este assunto diz que: “As pessoas não se educam de um dia para o outro. E a cultura hétero e machista está profundamente enraizada na população portuguesa, ora por culpa da falta de educação escolar, ora pela repressão das igrejas, que ajudam, e muito, à proliferação da cultura do ódio e da não-aceitação do que vai para além dos seus dogmas. E em Portugal temos uma sociedade profundamente católica e isso tem repercussões negativas dentro deste tema. Não há como negar isto, nem há que ter medo de chamar as coisas pelos nomes.”
Sobre a discriminação em relação à homossexualidade assume que: “É pura ignorância. E falta de respeito. Se esmiuçarmos a opinião das pessoas que se opõem ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, vamos chegar a uma determinada altura em que ficarão sem respostas para nos dar. Precisamente por isso: não existe nenhum problema, nunca existiu.”
A iniciativa conta também com o apoio do Bloco de Esquerda de Bragança.
Rita Sousa