Na noite do dia 11 de janeiro, realizou-se o debate entre António Costa, secretário-geral do Partido Socialista (PS), e Catarina Martins, coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), na RTP, moderado pelo jornalista João Adelino Faria.
António Costa acusou o BE de irresponsabilidade por ter aberto uma crise política. Costa abordou, ainda, uma parte do programa eleitoral do BE, que explica a previsão da reversão das privatizações de algumas empresas. Catarina Martins acusou o PS de “intransigência” negocial e garantiu a Costa que o PS não iria ter a maioria absoluta no dia 30.
No início do debate, o primeiro-ministro afirmou que no BE “há dois blocos: há o Bloco que aparece na campanha eleitoral, que é muito mel, e depois há o Bloco que atua na Assembleia da República, que é cheio de fel” e, ainda que “a Catarina Martins só soma o seu voto à direita e à extrema-direita para chumbar o Orçamento do PS, mas não é capaz de juntar o seu voto à direita e à extrema-direita para aprovar um Orçamento alternativo ao PS. Portanto, aquilo que votam não é para avançar, é para parar. E o país não pode parar”. Como resposta, Catarina Martins disse que o BE tinha sido o único partido da esquerda, sem ser o PS, a aprovar o Orçamento Suplementar para 2020, acrescentado que “foi mel dizer às cuidadoras informais que teriam 30 milhões em cada Orçamento, mas depois veio o fel e o Governo ganhou 98% da verba que tinha na gaveta”.
A coordenadora do BE mostrou, ainda, vontade de haver um novo acordo escrito, entre o PS e o BE: “O contrato escrito deu-nos estabilidade durante quatro anos. E é aí que eu acho que devemos voltar”. No entanto, Costa não demonstrou interesse pelo mesmo.
O secretário-geral do PS garantiu que “a direção do BE cansou-se de ser parte de uma solução de Governo e quis voltar a ser um partido de protesto. Eu não faço avaliações. Essa avaliação será feita pelos 500 mil eleitores que em 2019 votaram no BE e que saberão dizer se esse voto foi bem ou se foi mal empregue pelo BE” e, perante esta afirmação, Catarina Martins constatou que “o BE não se cansa e a direção do BE não muda de opinião”.
O primeiro-ministro, depois de ter sido interrogado sobre as suas ações, caso perca as eleições ou ganhe com maioria relativa, respondeu que “já disse que saio se perder as eleições, porque isso significa um voto de desconfiança dos portugueses. Caso contrário, estou cá para assumir as minhas responsabilidades”. Costa foi, ainda, questionado sobre como reagiria se o PS não obtiver a maioria absoluta, o líder socialista garantiu que “não, não bato [com a porta]”.
O debate ficou marcado pelo caso da responsabilidade da crise política, gerada pelo chumbo do Orçamento do Estado para 2022. Outros temas discutidos foram as políticas de saúde, de trabalho e de Segurança Social.
Marta Afonso