Os líderes do PSD e do BE só têm em comum a disputa de eleitorado que, em 2019, foi do PS. Se havia questões em relação às divisões ideológicas entre os partidos, o debate de dia 5 de janeiro, na SIC, demonstrou que estas são bastante profundas.
O tema foi abordado por Rui Rio, no início do debate, com a seguinte afirmação “há uma incompatibilidade completa” entre PSD e BE. Na saúde, onde as diferenças foram mais evidentes, Rio defende “organização e planeamento” do SNS, chamando os setores privado e social a colaborar: “Não é para privatizar, mas para complementar o que o setor público não tem sido capaz de fazer. Tem de haver vantagem para as duas partes”.
Na sua resposta, Catarina Martins considerou que o investimento no SNS “é o melhor” pois este “tem de ser o momento, não de dar negócio aos privados, mas de reforçar”, e deu o exemplo seguinte: “Temos um milhão de doentes sem médico de família, a solução não é mandá-los para um consultório privado, a solução é contratar os 600 médicos de família que faltam”.
Para que esse investimento seja concretizado, ambos os líderes concordaram que a economia do país necessita de um crescimento. Sendo que se diferenciam na forma de como chegar ao objetivo. A líder do Bloco tem como proposta um modelo de crescimento “com mais salário”, relembrando que “não houve nem falências nem desemprego por causa do aumento do salário mínimo” nos anos transatos. Já o líder social-democrata, com mais conforto no tema económico, defende “uma economia que aposte do lado da produção, exportações, investimento, mais conhecimento incorporado nos produtos” e, por conseguinte, “o salário mínimo vai atrás”.
Interligado ao tema seguinte, do trabalho e Segurança Social, Rio afirmou: “O BE quer acabar com os ricos, eu quero acabar com os pobres”. Catarina Martins retorquiu que foi o PSD que, aquando da sua Governação, tornou mais flexível a legislação laboral e “tornou mais baratas as horas extraordinárias”.
Para dar um certo sustento à Segurança Social, o líder do PSD propõe um regime de dois lados, público, com a opção de capitalização dos fundos. Catarina Martins lembrou que o “imposto Mortágua”, que taxa património imobiliário de luxo, deu à Segurança Social 477 milhões de euros entre 2018 e 2020.
Hélder Fernandes