O filme “Missão: Vingança” caracteriza um pai natal também conhecido como Chris Cringle, pouco convencional e adaptado ao mundo real. Uma crise financeira assola a vida deste pai natal, o número de crianças malcomportadas levou à redução do seu subsídio governamental deixando-o completamente numa situação delicada. Com a ajuda da sua esposa, Ruth, tenta manter a sua oficina aberta, no entanto, é obrigado a ter que assinar um contrato de dois meses com o exército americano.
Os realizadores Eshom Nelms e Iam Nelms fizeram um excelente trabalho ao dar um toque de realidade a uma personagem tão fincada no nosso imaginário, o Pai Natal. Interpretado pelo Mel Gibson, o Pai Natal é um homem de ar severo, deprimido, amargo e que está a lutar para sobreviver, pouco crédulo da magia do natal e dos feriados. Por detrás do roteiro, há uma ideia muito interessante nesta versão, a ideia de uma personagem fictícia na nossa cultura inserida na sociedade, alguém que lida com os problemas reais de gerir um negócio que está à beira da falência.
O enredo sofre uma reviravolta bastante cómica, quase que satírica, quando duas personagens acreditam terem sido injustiçadas pelo Pai Natal. O sentimento de injustiça fez com que ambas fossem cruéis, corrompidas pelos males da sociedade. Uma das personagens é um assassino de aluguer (Walton Goggins) contratado por uma criança mimada de 12 anos (Chance Hurstfield). A abordagem é intrigante, no entanto mal construída.
Acredito que a personagem de Walton Goggins deveria ter sido mais explorada, as suas intenções são vagas, e por isso, superficiais. A criança torna-se no resultado dos ressentimentos do Chris, mas é deixada a segundo plano; infelizmente, o guião deixa a desejar no que toca a sequência e aprofundamento das cenas. É um pouco dececionante pois os realizadores de facto poderiam ter feito mais.
O enredo simples não retira o mérito do filme. Apesar de algumas incongruências e de arcos dramáticos deixados de parte, é um bom filme. A relação desenvolvida entre o real e a fantasia é, sem dúvida, um dos aspetos mais relevantes do filme, no meu ponto de vista. Portanto, é o que faz ser uma obra regular, divertida, sincera e realmente não faz rodeios quanto a destruir as nossas fantasias.
Giovanna Querubim