António José Seguro e António Filipe enfrentaram-se num debate marcado pelo apelo ao voto útil e pelas acusações de alinhamento político. António José Seguro afirmou que qualquer escolha à esquerda fora da sua candidatura é “meio voto na direita”, defendendo que estas presidenciais exigem uma decisão clara já na primeira volta.
António Filipe, apoiado pelo PCP, respondeu classificando o socialista como parte do “consenso neoliberal”, aproximando-o politicamente de Luís Marques Mendes e de Henrique Gouveia e Melo, e recordando posições que, no seu entender, se aproximaram das de Passos Coelho no período da troika. Defendeu que fazia falta uma candidatura ligada de forma inequívoca aos direitos e interesses dos trabalhadores.
Seguro rejeitou estas críticas e insistiu que o objetivo é equilibrar um sistema político que considera inclinado para a direita. Disse que António Filipe “não dormiria bem” se a segunda volta fosse disputada apenas entre candidatos de direita e voltou a defender que o voto útil acontece logo na primeira volta. Negou ainda ter estado alinhado com Passos Coelho ou com cortes laborais, lembrando que se opôs a uma revisão constitucional para impor limites à dívida e ao défice.
António Filipe acusou o socialista de ter um discurso que “não é carne nem peixe” e de ter ficado em cima do muro quanto ao pacote laboral e à greve geral. Seguro respondeu que o comunista não tem o monopólio da defesa dos trabalhadores e acusou-o de instrumentalizar as greves. O debate passou também pela troika e pela geringonça, com Filipe a dizer que ninguém soube o que Seguro pensava nesses anos e com o socialista a recordar que saiu da vida partidária em 2014.
O confronto terminou com António José Seguro a reforçar o apelo ao voto útil, dizendo que um voto em candidaturas à sua esquerda acaba por favorecer a direita, enquanto António Filipe pediu aos eleitores que não coloquem “os ovos todos no mesmo cesto”, defendendo uma escolha livre de pressões táticas.
Beatriz Peixoto
