Qual foi o ano fácil?

Qual foi o ano fácil?

  Não existe tal coisa como um ano fácil. Talvez existam anos bons, mas não é pela sua simplicidade, é sempre pela sua complexidade.

  Só em Portugal, tivemos fortes debates políticos que nos podem ter deixado a questionar sobre o futuro do país, tivemos o acidente do elevador da Glória que deixou o país de luto.

  Num panorama mais geral, assistimos, ao vivo, à guerra entre Israel e o Hamas que nos levou a questionar a nossa própria humanidade, a guerra na Ucrânia que lança a dúvida da sua resolução, vimos o ódio a ganhar prémios da paz e isso coloca um ponto de interrogação em tudo o que conhecemos.

  Não foi um ano fácil. Não foi um ano bom. O mundo continua a propagar ódio, continua a não lutar pela humanidade. Onde foi que nos perdemos?

  O próximo ano não vai ser fácil, mas espero que seja bom; espero que nos possamos amar, que possamos lutar por um bem comum em vez de adorarmos o nosso próprio umbigo.

  Nós, cidadãos comuns, não podemos travar as grandes guerras, mas podemos resolver as nossas pequenas guerras, tanto interiores como interpessoais. Precisamos de aprender a amar sem egoísmo, sem interesse. O amor foi feito para ser amor. Tão simples quanto isso; sem senãos, sem mas, apenas amor.

  Aí está – se queremos um ano mais fácil, temos de amar mais! Não vai ser fácil, como já disse, não existe tal coisa, mas talvez seja bom se soubermos amar, talvez seja bonito se abraçarmos mais, talvez seja mais fácil navegar pela complexidade se tivermos uma mão para segurar. Será mais fácil odiar, será mais bonito desprezar o próximo? Não acredito nisso, recuso-me a acreditar.

  Talvez num universo paralelo, o amor seja mais fácil. Talvez numa vida já há muito passada, as pessoas encontravam conforto na paz, no toque de quem amavam e não na guerra e na indiferença.

  Espero que esse universo possa fazer parte do nosso, se possa tornar no nosso. Todos nós queremos um abraço e amor quente neste mundo tão frio.

Irene Silva