Esta semana em Portugal ficou marcada por tensões políticas, decisões económicas, mobilizações sociais e desenvolvimentos no caso de Socrátes. Internacionalmente, crescem preocupações com a desinformação na véspera da COP30 e com a escalada de violência em Gaza. Acompanhem-nos no expresso político desta semana.
Os sindicatos convocaram manifestações em Lisboa contra as propostas de alterações legislativas ao pacote laboral. A denúncia centra-se em medidas que alegadamente fomentam a precariedade, facilitam despedimentos e alargam serviços mínimos em greves, entre outras alterações que os trabalhadores consideram atacar direitos consolidados. A marcha reuniu setores públicos e privados, com dois pontos de partida distintos (Amoreiras e Saldanha) convergindo para o centro da capital, e terminou na Praça dos Restauradores. A CGTP e a UGT anunciaram ainda que estão a planear uma greve geral conjunta para 11 de dezembro caso as negociações não avancem, aumentando a pressão sobre o Executivo.
O Executivo decidiu deixar de utilizar 311 milhões de euros em empréstimos previstos no PRR, explicando que alguns grandes projetos, como a expansão da linha vermelha do metro de Lisboa ou o hospital de Lisboa Oriental, não poderão estar concluídos dentro dos prazos exigidos. O montante global do PRR mantém-se nos 22 mil milhões, mas a fatia de empréstimos vê-se reduzida, e a prioridade passa a ser concentrar recursos nas intervenções que possam trazer “benefícios visíveis” antes da data-limite. Do ponto de vista das contas públicas, esta medida também reduz o défice previsto e contribui para a meta de excedente em 2026.
Na discussão do Orçamento para 2026, o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, reafirmou-se contra qualquer eliminação de portagens, sublinhando o princípio do utilizador‑pagador e os encargos que o Estado assume com infra‑estruturas em regime de parceria público‑privada. A oposição, por seu lado, defende isenções ou eliminação de portagens em regiões do interior.
No âmbito da Operação Marquês, José Sócrates enfrenta 22 crimes e mais de 650 testemunhas previstas. Na última semana, o seu advogado, Pedro Delille, renunciou, alegando que o julgamento se tornou um “simulacro”. O tribunal nomeou um advogado oficioso para o representar, mas Sócrates criticou a decisão como “abuso judicial” e acusou a juíza Susana Seca de prejudicar Delille. Estas mudanças podem afetar o calendário do julgamento e reacendem debates sobre direitos de defesa e imparcialidade do processo.
Aníbal Cavaco Silva anunciou em artigo de opinião o seu apoio à candidatura de Luís Marques Mendes para as eleições presidenciais de 2026, justificando-o pela sua “experiência política”, conhecimento das instituições democráticas e “bom senso”. Em contrapartida, Cavaco Silva afirmou que Henrique Gouveia e Melo “pode ter muitos predicados, mas não possui as competências e qualificações para exercer as funções de Presidente da República no quadro internacional incerto e complexo que se perfila para os próximos cinco anos”. O almirante Gouveia e Melo respondeu com ironia, afirmando que o comentário constitui “um grande elogio”, já que o considera “o maior perigo” para o “protegido” de Cavaco Silva.
À escala global, cresce a apreensão acerca do impacto da desinformação sobre o debate climático. Às vésperas da COP30, relatórios alertam para um aumento significativo de conteúdos enganosos que visam minar a confiança pública e política nas medidas de combate às alterações climáticas.
Zohran Mamdani, de 34 anos, venceu as eleições em Nova Iorque, tornando‑se o primeiro muçulmano a ocupar o cargo e o mais jovem há um século. A sua campanha esteve centrada em propostas progressistas de luta pelo custo de vida, como congelamento de rendas, transportes públicos gratuitos, e creches acessíveis. A vitória representa uma curva política com impacto além‑mar, sinalizando um enfraquecimento das correntes tradicionais no partido democrata.
No Médio Oriente, Israel matou dois habitantes da Faixa de Gaza, elevando para 242 o número de mortos desde o cessar‑fogo. As tensões continuam, apesar das tentativas de mediação internacional e do cessar‑fogo mediado por países como Egito e Qatar.
Beatriz Peixoto