Debate entre Pedro Nuno Santos e André Ventura : Colisão de dois mundos distintos.

Debate entre Pedro Nuno Santos e André Ventura : Colisão de dois mundos distintos.

O debate entre o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, e o presidente do Chega, André Ventura, realizado no dia 15 de abril de 2025, foi claramente um dos momentos mais intensos de toda a campanha eleitoral.


Os candidatos evidenciaram, logo desde o início, que vinham preparados para um grande confronto. Críticas ferozes ao último governo socialista foram a primeira cartada de André Ventura, acusando o PS de falhar em áreas fulcrais como saúde, justiça, habitação e educação. Ventura ainda reforçou a sua ideia, constatando: “… o país está mais pobre, mais inseguro e mais desigual”, acusando os políticos dos últimos oito anos.
Pedro Nuno rejeitou as acusações, defendendo toda a trajetória do PS e desvalorizando o Chega por apenas apresentar soluções irrealistas. “É fácil prometer mundos e fundos quando se sabe que não se vai governar”, afirmou, referindo-se diretamente à ausência da viabilidade das propostas do Chega.
No âmbito da justiça, o candidato do Chega manteve e reforçou a sua posição de “tolerância zero” para corrupção e crimes violentos, propondo também um aumento das penas e um reforço policial significativo. Após estas ideias, o candidato do PS acusou Ventura de querer transformar o sistema numa “máquina punitiva populista”. Contrapôs com a defesa de reformas estruturais para a celeridade dos processos e mais meios para o sistema judicial.
O tema da habitação não poderia ficar de fora, tema esse onde Ventura criticou as políticas públicas do PS, alegando que continua impossível para os jovens pagar uma renda, pois os preços continuam insuportáveis. Pedro Nuno, que deteve a pasta das Infraestruturas e Habitação no passado governo, defendeu todos os investimentos feitos e acusou o adversário de nunca ter feito propostas sérias para resolver o problema.
Na saúde, o PS defende a defesa intransigente do SNS, já o Chega acredita num modelo misto que prevê acordos com o setor privado. Para Pedro Nuno, não passa de um caminho para a privatização da saúde, enquanto André rebateu, dizendo: “Quem precisa de tratamento urgente não pode esperar por ideologias.”
Fazendo uma análise da postura de ambos, Pedro Nuno Santos adotou uma postura mais pragmática, já André Ventura, uma mais emocional e agressiva, onde procurou jogar com o descontentamento popular. Tendo-se acusado mutuamente de “representarem extremos”.
Com uma audiência superior a 1,4 milhões de espectadores, tornou-se o debate mais visto até à data, o que revela o interesse geral da população neste confronto em específico.

Texto: Afonso Calvário