Com um orçamento de menos de US$ 10 milhões de dólares, o diretor e argumentista Osgood Perkins apresenta-nos a sua visão terrorífica do equilíbrio entre o real e o sobrenatural.
Na história, Lee Harker (Maika Monroe) é uma nova agente do FBI que foi designada para um caso não resolvido de um assassino em série. À medida que a investigação avança, Harker apercebe-se que têm uma ligação pessoal com o assassino implacável e deve agir rapidamente para evitar outro crime obsceno.
“Longlegs – O Colecionador de Almas” (2024) foi um dos poucos filmes que assisti às “escuras”, e devo admitir que me proporcionou uma experiência tensa e angustiante. A trama é envolvente e instigante, a direção é subtil e minuciosa, os personagens conquistam a nossa empatia, e o tom do filme transmite com maestria a barbaridade dos acontecimentos apresentados em tela. A trilha sonora, a direção de fotografia e os figurinos também estiveram impecáveis ao transportar o expectador para aquele universo.
Por outro lado, um aspeto que considerei negativo foi a falta de aprofundamento em certos momentos da trama, principalmente no que toca à mitologia do universo apresentado, culminando para que, em parte, o projeto ficasse “oco”. Mas felizmente, esses momentos foram poucos.
Outro ponto em que senti que o filme me perdeu foi a forma como a história caiu no clichê da conveniência, ora estava a favor da personagem de Maika Monroe ora ficava do lado do personagem de Nicholas Cage. Fora, também, algumas falhas na coerência sobre como seres humanos se comportariam em determinadas situações.
No final as peças do quebra-cabeças juntam-se todas resultando num pequeno plot-twist macabro e sombrio, deixando dúvidas acerca do que poderia acontecer numa possível continuação. Torturando, assim, o expectador da melhor forma possível.
Além da direção minuciosa de Perkins, um dos principais aspetos que agregam para o saldo positivo do filme é o seu elenco, principalmente para a atuação de Nicolas Cage que nos seus poucos minutos de tela consegue roubar o protagonismo a Maika Monroe com a sua presença sombria e misteriosa, mas é claro que esse mérito provém do argumento..
Dito isto, acredito que “Longlegs – O Colecionador de Almas” (2024) não é um filme destinado ao público mainstream que gosta de um terror de jumpscares e de tramas mais simples. O filme apresenta a sua história a um ritmo lento dentro dos seus 101 minutos, tendo uma trama e direção rica em detalhes e simbolismos com o intuito de atacar a fé pessoal do expectador, seja ele crente ou não. Acredito que o filme mexe num dos medos mais primórdios do ser humano – o medo do desconhecido. E isso é o que o torna genial, pois o mal pode habitar em qualquer lado.
De 0-5: 4
De 0-10: 8
Texto: Ivo Pereira
Imagem: Tiago Santos