Inter de Milão – a consistência dos Nerazzurri vista à Lupa

Inter de Milão – a consistência dos Nerazzurri vista à Lupa

Longe vão as épocas onde mal começava a primeira jornada do campeonato italiano, o vencedor era um dado adquirido. Desde 2020, a rotação de líderes do scudetto tem sido apreciada pelos apaixonados do futebol, com o Inter de Milão a ser o feliz contemplado desta edição 2023-2024 com uma campanha notável.

Depois de levantarem o título da Serie A na época 2020-2021, na altura comandados por Antonio Conte, o Inter de Milão recupera o fôlego perante os rivais e volta a sorrir, conquistando assim o seu 20º scudetto, ficando em segundo no top de equipas com mais campeonatos italianos ganhos.

A ida ao mercado

O clube sofreu com algumas saídas em setores importantes como o guarda-redes André Onana para o Manchester United, o defesa central Milan Skriniar para o Paris Saint-Germain e o médio Marcelo Brozovic para o Al Nassr, num encaixe que chegou quase aos 130 milhões. No lado inverso, a equipa de Milão conseguiu trazer Sommer e Pavard, guarda-redes e defesa central, respetivamente, ambos do Bayern Munique, bem como Francesco Acerbi da Lázio e Marcus Thuram do Borussia Mönchengladbach, obrigando a desembolsar perto de 71 milhões de euros.

O reforço vindo do Borussia Mönchengladbach acabou por ser uma peça fundamental no ataque do Inter de Milão ao contribuir com uns impressionantes 13 golos e 13 assistências, permitindo ao capitão Lautaro Martínez arrecadar o título de melhor marcador com 24 tentos, mais oito que o segundo classificado Dušan Vlahović, da Juventus.

A época em números

Se no ponto anterior já fui referindo alguns números, engane-se se achou que ficava por aqui a época do campeão italiano. Além da grande performance ofensiva da dupla de avançados Martínez – Thuram, o Inter de Milão marcou um total de 87 golos, sofrendo apenas 20, quando falta apenas um jogo para terminar esta edição da Serie A.

Os Nerazzurri conseguiram erguer a taça muito antes do final do campeonato, graças a uma vantagem muito confortável na liderança, com uns impressionantes 93 pontos, mais 19 que o rival Milan, segundo classificado, e mais 25 que os terceiro e quarto classificados, Bolonha e Juventus, respetivamente.

A tática vencedora

Se para alguns a mudança é a chave do sucesso, para outros, é a eficácia que comanda, e se funciona, para que é que se vai mudar, não é mesmo? A verdade é que esta equipa do Inter de Milão agarrou com determinação desde a primeira jornada o 3-5-2 e manteve-o em todas as competições ao longo de toda a época.

Trazida para os Nerazzurri por Antonio Conte na sua passagem pelo comando técnico na época 2020-2021, é um sistema que caracteriza as equipas lideradas por Simone Inzaghi e onde os movimentos e espaços ocupados pelos atacantes assumem uma grande importância.

A linha de três, formadas normalmente por defesas na retaguarda assume-se como fundamental para retirar grande vantagem em relação ao adversário em ambas as fases do jogo, por exemplo, tendo a posse de bola permite iniciar a construção ofensiva em superioridade numérica.

Por outro lado, a atuação dos laterais é essencial neste sistema tático, dado que, se estiverem numa posição mais avançada acabam por se tornar quase extremos, obrigando o adversário a recuar.

A consistência faz a decisão

Apesar da derrota com o Sassuolo na jornada seis, que poderia ter sentenciado as pretensões ao título, a verdade é que os Nerazzurri acabaram por levar a cabo uma campanha verdadeiramente positiva, aproveitando os desaires dos adversários e não perdendo o ritmo à medida em que se iam distanciando dos concorrentes diretos.

Poderia destacar alguns dos jogos que podem ter sido o motor para esta campanha extraordinária do Inter de Milão, como é o caso da vitória segura diante do detentor do scudetto 2022-2023, o Nápoles, mas a verdade é que, no meio deste caminho vitorioso, só houve uma equipa que se tornou o calcanhar de Aquiles, o Sassuolo, que arrancou nas duas voltas a vitória ao agora campeão italiano.

Futuro: da mudança de cadeiras à troca de camisolas

A época ainda está a terminar, mas já se fazem contas ao que a próxima época pode trazer em termos de reforços para os Nerazzurri, com George Ilenikhena, um ponta de lança de 17 anos do Antuérpia a surgir como possível reforço, ele que disputou 49 jogos pela equipa belga, tendo marcado 14 golos e está avaliado em 10 milhões de euros segundo o Transfermarkt. Outro dos nomes apontados é Vitor Roque, avançado do Barcelona, mas que também é referenciado pelo Porto. Mario Hermoso, um defesa central do Atlético de Madrid, também pode vir a reforçar as fileiras do Inter de Milão a custo zero, ele que participou em 44 partidas pelos colchoneros.

Certas estão as transferências a título definitivo de três homens que fizeram parte do elenco da presente época por empréstimo, são eles o médio defensivo Carlos Augusto, o médio centro Davide Frattesi e o avançado Marko Arnautovic.

Nesta equação não ficou de fora a própria gestão do clube que viu uma mudança de dono a concretizar-se nos últimos dias dado que a empresa americana Oaktree Capital Management assumiu o controlo dos Nerazzurri devido a uma dívida do Grupo Suning, do empresário chinês Zhang Jindong no valor de 395 milhões de euros, contraída em 2021 para fazer face às perdas registadas com a pandemia da COVID-19, e que devia ter sido paga até ao passado dia 21 de maio.

Resumir a época em três palavras
Consistência; Visão; Eficácia.

Texto: Carlos Cardoso
Imagem: Direitos Reservados variados