Caterina Palazzi é perturbadoramente hipnotizante

Caterina Palazzi é perturbadoramente hipnotizante

A contrabaixista italiana marcou presença no Café-Concerto Maus Hábitos, a 5 de abril, com um concerto inspirado em vampirismo experimental e intimista que durou cerca de 30 minutos.

Zaleska, a filha do Drácula, é o nome deste projeto de Palazzi. Tratando-se de uma clara homenagem à figura que é o Drácula, esta sombria iniciativa denota-se hipnotizante com cada composição musical inspirada num ator que tenha interpretado o papel vilanesco no grande ecrã.

Munida de uma máscara e de um contrabaixo, a artista deu pleno uso às capacidades musicais de que dispõe em psicadélica comunhão instrumental, criando loops perturbadores e empregando efeitos cuja união sonora se revelava digna de um verdadeiro filme de horror. Fazendo-se acompanhar de um vídeo de tela branca com precipitações, difusões, insinuações de cor negra, o tema vampírico torna-se ainda mais aparente. Imagens de sobrevoos em terrenos inóspitos, a formação de rostos através do movimento de aparentes morcegos, redemoinhos de energia. Dá uso ao arco para tocar nas, arranhar as e arrastar pelas cordas do contrabaixo, serve-se das mãos para palmadas nas cordas e dos nós dos dedos para bater na ponte do instrumento. Simplificando, basta informar que o início do concerto foi um assustador berro feminino prolongado que silenciou todo o café e prendeu a atenção de quem lá se encontrava.

Em suma, Caterina Palazzi apresenta um interessantíssimo projeto musical. Não será, certamente, para todos; mas vale bem a pena dar uma oportunidade.

Joaquim Duarte
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