Escrevo sobre o que me inquieta. Por isso, hoje, escrevo a dois interlocutores. Não sei se tal coisa é possível, mas estou cá para quebrar as regras. O primeiro é a razão pela qual afirmo, ao segundo, de que é imprescindível rodearmo-nos de pessoas que nos acrescentam.
Por momentos, pensei que fosses passado. Deixaste de o ser quando te voltei a deitar o olho, pela primeira vez, este ano. A sensação de impotência inundou-me e, desde então, persiste em mim.
Não sou muito apreciadora da espontaneidade, de dar a conhecer-me muito facilmente, de criar com outrem, e, portanto, foram muitas as oportunidades perdidas de, realmente, ser mais uma pessoa a louvar essa tua personalidade, essa tua constante predisposição para com o outro.
Arrependo-me de não ter tomado iniciativa, mesmo que baseada no medo, ao invés de ter ficado pelos “ses”. É este “nem sim, nem sopas” que provoca o desinteresse, seja por quem for. A falta de resposta, essencialmente por ações, é o perfeito desencadear do início do fim de qualquer situação das nossas vidas.
Só há pouco tempo aprendi a sair mais da minha zona de conforto, a relacionar-me com pessoas, cuja energia pode incrementar a minha. Tudo isto sem quaisquer rodeios, sem receio de não agradar, de assentar nas expectativas.
São as pessoas que nos fazem ser melhores, naquilo que nos faz sentir vivos, que valem a pena. Por mais ínfima que seja, essa gente que torna a vida mais leve existe.
Quantos de nós já deixamos ir pessoas com quem muito poderíamos ter aprendido? Quantos de nós mantemos pessoas no nosso quotidiano que não são nada mais do que um fardo? É preciso ser-se seletivo para inverter a situação.
Inês Carneiro