Debate PS-PAN: O país do para-arranca e do lítio

Debate PS-PAN: O país do para-arranca e do lítio

Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS, e Inês Sousa Real, porta-voz do PAN, assumiram posições frente a frente num debate na TVI, moderado pela jornalista Sara Pinto, para as eleições legislativas de 10 de março.

Divergiram sobre impostos e projetos de infraestruturas, ao qual Inês Sousa Real apresentou os temas do centro de dados em Sines e da operação de lítio investigados na operação Influencer, no entanto, não fecham as portas a futuros entendimentos após as eleições.

“Não faz sentido estar a antecipar cenários, mas não deixa de ser curioso a ambiguidade do PAN relativamente ao centro-esquerda e ao centro-direita”, acrescentou, numa alusão ao acordo de incidência parlamentar que o PAN estabeleceu na Madeira com a coligação PSD/CDS-PP.

A porta-voz do PAN rebateu afirmando: “Somos centro progressistas”. Por outro lado, Pedro Nuno Santos contestou dizendo que esta não sabe bem o que é que isso significava e, considerou também partidos como o CDS-PP e o PPM como estando no lado contrário ao do PAN.

De seguida, Inês Sousa Real comentou sobre o centro de dados em Sines alegando que “vais destruir milhares de sobreiros”. Acabou por contestar também a exploração de lítio, ao qual defendeu a suspensão e transparência dos projetos que estão a ser investigados em meio à operação Influencer (que levou à demissão de António Costa). O líder do PS assegurou a necessidade de “conciliar o interesse ambiental com o interesse económico” e o cumprimento da lei, comentando o desenvolvimento do país que não pode “estar sistematicamente no para-arranca”.

Na questão dos impostos, Pedro Nuno Santos acredita que o PAN se junta à direita que vê a descida do IRC como “solução milagrosa” para a economia. A deputada do PAN ressaltou que a proposta de diminuir este imposto para 17% “tem um teto máximo que não abrange as grandes empresas” e defendeu que esta “é uma forma de ter investimento em Portugal”. O outro volta a insistir sublinhando que esta medida terá um impacto limitado porque “40% das empresas não pagam IRC” e “0,2% das empresas são responsáveis por 45% da receita”.

Nos últimos minutos do debate, falou-se sobre o SNS e Inês Sousa diz que “é preciso ir mais longe”, adotando uma “perspectiva preventiva” com recurso aos centros de saúde e médicos de família. Avisa que o estatuto de desgaste rápido pode deixar o SNS com ainda menos profissionais, argumentado “ao apostarmos na prevenção, estamos a retirar a pressão”. Pedro Nuno Santos diz haver muito trabalho a fazer na valorização das carreiras no SNS, mas que progresso está a ser feito.

Texto: Ana Margarida Silva

Imagem: DR