A cada início de um novo ano, após as 12 badaladas, quase tudo volta ao início e recomeça toda uma nova contagem. Quase que poderíamos dizer a nós mesmos aquela frase batida: “hoje é o primeiro dia do resto da tua vida”, como canta Sérgio Godinho.
Novo ano significa novas resoluções, novas metas, novos objetivos, praticamente tudo novo porque, se no ano velho não fizemos tudo o que tínhamos idealizado concretizar, agora com 366 dias pela frente, não há desculpa possível para falhar.
Talvez a resposta para as resoluções que ficam por concluir ou tirar do papel esteja no verso “depois vem cansaço e o corpo sobeja” – e perdoem-me estar a recorrer mais que uma vez a Sérgio Godinho, mas esta música possui alguns versos capazes de exemplificar aquilo que representa o início de um novo ano e o balanço que fazemos do que findou.
De todo o modo, voltamos sempre à velha premissa de “ano novo, vida nova”, apoiados em todas as mudanças que colocamos em cima da mesa desde ir ao ginásio, ler mais, encontrar o amor da nossa vida, e tantas outras coisas que já sabemos onde nos vão levar. Vou dar um spoiler, para o ano mais de metade não saiu do papel e voltamos novamente à estaca zero e repetimos igualmente o mesmo discurso de “este ano é que vai ser”.
Embora o foco seja 2024, permitam-me que faça um agradecimento a 2023 por todos os momentos que me proporcionou, pelas pessoas que se cruzaram no meu caminho e pelas oportunidades que surgiram. No meu entender, antes de qualquer resolução de novo ano, devemos sempre agradecer o que o ano velho nos ensinou, retirar ilações e só depois avançar de forma mais ponderada, mais assertiva e desprendida para a vivência intensa e apaixonada do presente de cada dia, e da alegria de aprender com cada lição que 12 meses nos podem proporcionar.
Em 2024, “de nenhum fruto queiras só metade”, mesmo que colhes “ilusões sucessivas no pomar”, o importante é recomeçar a cada dia “sem angústia e sem pressa”, como nos diz Miguel Torga no poema Sísifo.
Carlos Cardoso