Viveremos na política das ilusões?

Viveremos na política das ilusões?

A política tinha potencial para ser um sistema seguro, ao qual poderíamos confiar e capaz de tornar o mundo num lugar mais civilizado e controlado. No entanto, foi corrompido pela natureza humana, ficando cada vez mais envolvida em corrupção e hipocrisia. 

Deixou-se de atender às necessidades de uma população para se olhar apenas a interesses individuais. Com isto, não quero dizer que só quem chega ao poder tem culpa. Nós, como população votante, também temos a nossa carga de responsabilidade. 

Atualmente, grande parte dos cidadãos renuncia à sua responsabilidade de votar, tendo Portugal uma das taxas de participação, na vida eleitoral, mais baixas entre os países da União Europeia. Isto porque não reconhecem mudanças significativas e pensam que o seu voto não tem importância, muito por culpa da desinformação e de promessas não cumpridas. 

Além de se verificar uma maior abstenção em jovens do que em cidadãos idosos, a questão que se levanta é: “Onde estão os jovens com ideias revolucionárias e que estariam dispostos a marcar a diferença?”. O facto de assuntos como as alterações climáticas e a defesa do ambiente, que afetam de forma expressiva os jovens, apresentarem falta de representatividade pode interferir negativamente nas suas escolhas eleitorais. 

Nos dias de hoje, com um país à beira de uma nova crise, é inquestionável e bastante evidente que nem a ciência política nem a economia estão suficientemente desenvolvidas para fazer, face aos problemas emergentes. O sistema político português apresenta inúmeras falhas, onde o desenvolvimento económico pouco prosperou e o Estado enfraquecido ficou. 

A política não deveria ser um espetáculo de ilusões, mas, infelizmente, nada me leva a querer o contrário. Iludir o público tornou-se numa arma poderosa para obter votos daqueles que se apresentam alheios a uma presença ativa nas questões governamentais. Se a política fosse mais transparente e eficaz, talvez estivéssemos numa situação completamente diferente da atual.

Ana Diniz