Foi no passado mês de outubro que os Rolling Stones lançaram o seu mais recente disco, “Hackney Diamonds”. A banda britânica formada por Mick Jagger, Keith Richards e Ron Wood, que já têm cerca de 80 anos de idade, comprovou que ainda estão com energia, para dar e vender, e que nada os pode parar.
A banda, como a conhecemos, sempre nos habituou ao som habitual de rock clássico, como, por exemplo, a guitarra de Keith Richards que foi um elemento emblemático da banda desde o início do seu percurso. Foi em ’64 que lançaram o seu álbum de estreia, mas foram os discos “Let It Bleed”, “Sticky Fingers” e “Exile on Main St.” que captaram a atenção dos críticos e, consequentemente, os imortalizaram na história da música.
Desta forma, o mais recente projeto lançado pelo grupo não fugiu ao que a banda nos tem acostumado ao longo dos anos. A fusão entre o blues e o rock, as guitarras cativantes e a voz icónica de Mick Jagger transportam-nos para as primeiras obras dos Rolling Stones. Este é, de facto, um álbum ideal para quem procura o sentimento de nostalgia oferecido pelo som característico da banda, porém, acaba por tornar-se num projeto demasiado previsível e repetitivo ao longo da lista de faixas.
Na verdade, inicialmente as minhas expectativas estavam baixas e essa foi uma forma de tornar a experiência deste álbum muito melhor, já que não estava à espera de mais uma obra-prima vinda da banda. O álbum surpreendeu-me principalmente pela sua produção, que estava bem polida, e pelos sons brilhantes e destacados dos instrumentos.
Outro ponto positivo a destacar foram as colaborações feitas no disco, que contou com nomes, desde o famoso baixista dos Beatles, Paul McCartney, até à popstar Lady Gaga, acompanhada pelo melódico piano de Stevie Wonder.
“Bite My Head Off” é, sem dúvida, um dos destaques do álbum, muito pela performance de Paul McCartney que nos entrega um riff de baixo com um tom agressivo e que nos faz perder a cabeça. Mesmo assim, vale ressaltar a música “Sweet Sounds of Heaven”, que é pessoalmente a minha preferida do projeto, em que nos deixamos transcender pela voz de Lady Gaga e os acordes gentis de Stevie Wonder.
Quanto ao resto do disco, não houve mais nenhum momento que chamasse a atenção, tampouco algo de inovador vindo do trio britânico. Mesmo assim, compreendo completamente a decisão da banda em não arriscar muito (até porque eles já não têm nada a provar a ninguém!). Os Rolling Stones já são considerados uma das melhores bandas de sempre há muito tempo. Este projeto apenas transparece um bom estado de espírito entre os membros da banda, que aparentam estar apenas a divertir-se.
“Hackney Diamonds” termina com “Rolling Stone Blues”, um cover da música original de Muddy Waters, que, inicialmente, deu origem ao nome da banda em questão. É em grande que acaba este projeto e, quem sabe, a carreira dos músicos, voltando assim aos seus primórdios e destacando o nome que ficou na cabeça de toda a gente.
Rating – 6.2/10
Tiago Nogueira
Imagem: Scott Garfitt