Algo que me assusta nos dias que correm é o preço absurdo de uma casa, de um quarto. Na generalidade, fico espantada com o ramo imobiliário e o rumo que tem seguido nos últimos anos.
Está cada vez mais difícil arranjar casa e é ainda mais difícil para os jovens sair da casa dos pais. O preço de um quarto numa cidade pequena é ridículo. É cada vez mais notório que o preço para começar uma vida tem aumentado significativamente, mas quem pensa que os rendimentos aumentam, engana-se. Esses mantem-se a mesma miséria a que sempre fomos habituados. Reparava em mim há dias a comentar numa festa de aniversário o facto de por um quarto se pagar uma “fortuna”.
Estudo em Vila Real há três anos consecutivos e o que mais tenho reparado são os preços assustadores que um estudante universitário paga por um quarto. Estamos a falar de um quarto, não de um apartamento inteiro. É de referir que mesmo por um apartamento os preços são exagerados. Falávamos de como uma conhecida nossa paga 700 euros por um quarto em Lisboa e pensávamos como uns pais com dois filhos a estudar, conseguem viver. O que nos fez perceber que, no final de contas, não vivem, apenas ganham para os filhos conseguirem estudar.
A vida está um pouco contraditória quando o ordenado mínimo em Portugal é cerca de 750 euros. Como podemos pagar uma casa? Agora pergunto-me: pagamos a casa e ficamos sem comida ou ficamos sem comer e pagamos a casa? Acredito que o que se passa a nível do ramo imobiliário também leva os mais jovens a procurarem sair do seu país e procurar condições de vida melhores.
Hoje em dia, é praticamente impossível ter uma casa que seja mesmo nossa, construída de raiz. Vá, não digo impossível, mas para termos uma casa, trabalhamos uma vida inteira para ela. Ou para pagarmos o crédito que pedimos, ou para juntarmos dinheiro para a construir, ou até mesmo para pagarmos o aluguer dela. Por exemplo, olho para os meus pais que, com a minha idade, já tinham uma vida estável, organizada, com casa, algumas poupanças, empregos fixos e uma vida planeada. Hoje, olho para mim sem saber o que pensar sobre o futuro.
A minha única certeza é acabar o curso e saber que qualquer coisa tenho a casa dos meus pais à disposição. Será que a maioria dos jovens não se sentem assim, atualmente? Na sociedade em que vivemos, pergunto-me várias vezes como será o futuro e que mudanças serão precisas ser feitas para mudar o rumo que a vida tem seguido.
Vamo-nos apenas conformar com o sentido que as coisas estão a levar ou vamos perceber que, para as coisas mudarem, é preciso agirmos?
Isabel Damião