Pudéssemos nós dizer que vivemos numa sociedade sem nenhum roteiro de como viver a nossa vida. Pelo contrário, onde quer que vamos existem algumas verdades absolutas que nos ditam como viver, ser e agir. Algumas delas, dizem que o caminho para a felicidade é casar e ter filhos, outras contam-nos que só com um bom trabalho é que teremos sucesso. O erro de todas elas reside no simples erro de não darem margem para errar. Fui redundante?
Quero acordar de manhã e ter um novo projeto pronto a ser realizado e, ao anoitecer, quero acabar a noite a pensar que esse mesmo projeto correu totalmente errado. Acordar na manhã seguinte, sarrabiscar sobre aquilo que no dia anterior achara que fora boa ideia e errar outra e outra vez. Para quê acertar logo à primeira se só ao errar é que consigo medrar o meu intelecto e aguçar as minhas emoções?
Aprendi tarde que errar é humano. Aprendi ainda mais tarde que todos erramos e que isso não faz de nós menos perfeitos. Descobri ainda bem mais tarde que foram os meus erros que me puseram no lugar em que estou hoje. Aqueles erros no exame de português custaram-me quatro valores… Ainda assim, deram a oportunidade de descobrir uma nova família, numa nova cidade. O erro de ter conduzido por estradas não alcatroadas deram-me o conhecimento de como mudar um pneu mesmo não o tendo conseguido fazer à primeira. Para não falar do erro em ter subido para aquele banco e ter caído redondamente com a testa no chão. Acreditem que isso não voltou a acontecer!
Hoje, se calhar, errei na escolha do meu outfit e numa ou outra virgula mal colocada neste artigo. E depois? Posso estar com frio, mas tenho a certeza que amanhã penso duas vezes sobre trazer casaco. Hoje posso escrever isto a achar que está pronto a sair, enquanto que daqui a um mês tenho a certeza que acharei isto um erro.
Tenho sempre medo de errar, por isso, prefiro arriscar. Assim tudo é um erro e eu sou feliz a errar.
João Costa