Na terça-feira, dia 9, irá estrear no Teatro Municipal de Vila Real o filme “Ursos Não Há” de Jafar Panahi. A obra retrata duas histórias de amor díspares, contadas em paralelo, numa pequena aldeia na fronteira do Irão com a Turquia.
Panahi, que enfrentou a censura e a prisão devido às suas obras, escreveu, produziu, dirigiu e protagonizou o filme em segredo, visto estar proibido de fazer filmes pelo governo iraniano. “Ursos Não Há” procura desenvolver uma narrativa política e sociológica sobre as amarras do poder político e das superstições ancestrais que controlam/condicionam a vida dos cidadãos.
Conta com a participação do próprio e de Naser Hashemi, Vahid Mobaseri, Bakhtiar Panjei e Mina Kavani. O filme foi muito bem recebido pela crítica, tendo ganho o Prémio Especial do Júri no Festival de Cinema de Veneza.
O filme será exibido às 21:30, no Pequeno Auditório, e tem uma duração de 107 minutos. Os bilhetes encontram-se a 3€ ou a 2€ para quem possui Cartão do Teatro. É recomendado a maiores de 12 anos.
Jafar Panahi
Jafar Panahi é um cineasta iraniano nascido em Mianeh, na província de Azerbaijão Oriental, a 11 de julho de 1960. Estudou cinema na Escola Superior de Cinema e Televisão de Teerão e, em 1995, estreia-se a realizador com “O Balão Branco”, que ganhou vários prémios internacionais.
Panahi é conhecido por capturar a vida quotidiana do povo iraniano nos seus filmes, muitas vezes lidando com questões políticas e sociais. Em 2010, foi preso pelo governo iraniano sob acusações de fazer “propaganda contra o regime” e por participar em protestos e condenado a seis anos de prisão, recebendo uma proibição de 20 anos de fazer filmes. A sentença foi amplamente criticada tanto dentro quanto fora do Irão. Apesar da proibição, Panahi continua a fazer filmes clandestinamente e lançou vários filmes que foram aclamados pela crítica e exibidos em festivais de cinema internacionais onde foram premiados.
Em 2015, foi premiado com o Prémio Sakharov de Direitos Humanos do Parlamento Europeu pela sua coragem e defesa da liberdade de expressão.
Texto: José Miguel Alves
Imagem: DR