Hoje falo-vos de The Menu, um filme lançado através do streaming, mas que transborda cinema em todos detalhes.
The Menu, à priori, introduz-nos uma história de fácil compreensão, onde um grupo de pessoas “privilegiadas”, embarcam numa viagem até uma ilha remota para degustar o menu mais exclusivo de um dos melhores chefes do mundo.
Pois bem, a sinopse não foge muito a isto, mas o filme é muito mais do que aquilo que se anuncia inicialmente. The Menu ganha – e ganha bem! – na construção dos personagens. Margot, interpretado por Anya Taylor-Joy é a chave que leva a que fechadura do impenetrável chef Slowik, interpretado pelo histórico Ralph Fiennes, se abra, para deixar a história correr o seu trilho e, no final, fazer sentido para quem a vê.
Dentro da loucura e do choque, o filme baixa as asas e toca no chão em assuntos reais. A exigência e a obsessão para ter o seu trabalho reconhecido pelos seus clientes, é a realidade que leva muitos prestadores de serviços ao limite. The Menu tem isso e, cada um dos “privilegiados” em degustar o menu, é uma razão pela qual a arte da cozinha e da prestação de serviços está decadente. Exceto a estrela de Hollywood, esse é só um falhado.
Este filme, de Mark Mylod, parece, à partida, uma mise en place arriscada, mas acaba por se revelar uma história de cassiopeia. Qualidades como o tratamento exímio dos detalhes invisíveis e o cuidado que o filme tem em manter os pés no chão para não fugir por completo para uma ficção alternativa ganharam-me. Cinema é muito sobre isto. A receita é criar um bom guião e conseguir construir uma história sólida que não aborreça e, no final, ligar todas as pontas que foram ficando em stand by ao longo do filme.
O facto de ter marcado presença em salas de cinema, já com algum atraso e de forma discreta, pode ter afastado muita gente de o ver, mas o streaming cresce a pique e, qualquer dia, ir ao cinema torna-se numa experiência exclusiva e pontual. Mas essa conversa fica para uma próxima.
Ver The Menu mais do que uma vez torna a experiência melhor e é facilmente um dos melhores filmes do ano passado. Degustem este prato audiovisual, certamente irão bem servidos!
Diogo Azevedo