Tudo corria na normalidade (dentro dos possíveis) no governo de António Costa, quando, no dia 24 de dezembro, o Correio da Manhã noticia mais uma polémica da TAP: “a nova secretária de Estado do Tesouro, Alexandra Reis, recebeu uma indemnização no valor de 500 mil euros por sair antecipadamente do cargo de administradora executiva da TAP, quando ainda tinha de cumprir funções”. Tal noticia foi rebatida por Alexandra que afirmou nunca ter aceitado e devolveria “de imediato” qualquer quantia que não cumprisse a lei.
Diante esta polémica, António Costa declarou que “desconhecia em absoluto os antecedentes” da situação e solicitou esclarecimentos aos ministros das Finanças, Fernando Medina, e das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos. Após pressão dos partidos opositores, Fernando Medina pediu a demissão da nova secretária de Estado do Tesouro, rejeitando responsabilidades, considerando que, se não foi, o caso deveria ter sido do conhecimento do Ministério das Finanças. Após três dias de notícia na comunicação social, Alexandra Reis já não pertencia ao governo.
O ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, seguido do seu secretário de Estado, Hugo Mendes, foram os próximos a se despedirem de livre vontade. Foi sabido que Hugo Mendes tinha conhecimento do acordo entre a TAP e Alexandra Reis. António Costa não perdeu a oportunidade de, mesmo assim, fazer um comunicado revelando aceitar a demissão e agradecendo, entre elogios, a colaboração de Pedro Nuno Santos em sete anos de governo.
Já no início de 2023, o primeiro-ministro anunciou que João Galamba e Marina Gonçalves passariam, respetivamente, a ministros das Infraestruturas e da Habitação, justificando-se com a “experiência governativa” e garantia de continuidade. Perante estas opções, os partidos da outra bancada parlamentar falaram de “fragilidade”, “falta de capacidade de recrutamento”, “ministro com cadastro”. Recordar que, quando falamos de João Galamba, há suspeitas de ligação ao ex-primeiro-ministro, José Sócrates, e envolvendo os projetos de hidrogénio em Sines (que não resultaram na constituição de Galamba como arguido).
Outro contratempo passou-se quando o secretário de Estado da Agricultura, Rui Martinho, teve de deixar o cargo por motivos de saúde e foi substituído pela diretora regional da Agricultura e Pescas do Norte, Carla Alves.
Frederico Francisco, investigador e professor universitário, foi o eleito para as Infraestruturas pelo seu trabalho de investigação em transporte ferroviário e pela sua participação em projetos nacionais e europeus. Do lado da Habitação ficou Fernanda Rodrigues, que trabalhou no Estado de Conservação de Edifícios de Habitação a Custos Controlados.
Em Ambiente, Energia e Clima, ficará Hugo Pires como o novo secretário de Estado do Ambiente e Ana Cláudia Gouveia como secretária de Estado da Energia e Clima.
Por fim, Pedro Sousa Rodrigues, economista e antigo assessor do Conselho de Administração da AICEP, acolheu o cargo de secretário de Estado do Tesouro, antigo cargo de Alexandra Reis.
Texto: Hugo Sá
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