No fim de semana passado, lá fui eu acompanhar a minha mãe numa aventura pela feira. Não foi a uma feira qualquer, foi àquela que eu costumava ir todos os meses, religiosamente com o meu pai. Grande parte das vezes era algo só nosso. Aquele momento em que podíamos comprar bugigangas sem levar com o olhar reprovador da minha mãe. Lá fui eu com sacos que a minha mãe me obrigou, voluntariamente a carregar. Assim que cheguei, senti aquela nostalgia a esmorecer.
O que aconteceu à feira que eu conhecia desde pequeno? Onde andam os feirantes? Onde anda a senhora a gritar que tem cinco pares de meias para me vender por um valor “simbólico”. Pois é, muita coisa mudou. Grande parte do espaço encontrava-se vazio. O percurso que levava mais de uma hora a ser percorrido, agora tem uma duração de uns meros vinte minutos. Não se ouviam os gritos característicos, e raras as bancas que vendiam camisolas da Ardidas ou da Golce & Dabanna.
Uma das feirantes desabafava que tinha que pensar duas vezes antes de sair de casa. No fim de semana anterior saiu para percorrer algumas feiras e o valor ganho não foi suficiente para cobrir as despesas. A vendedora admitia que durante a época mais apertada da pandemia não sentiu grandes dificuldade na venda dos produtos. Já nestes últimos dias receia sair de casa devido ao aumento dos combustíveis.
Esta visita à feira não foi de todo negativa, a senhora que gritava “Oh freguesa venha ver a qualidade do téne” conseguiu fazer-me sorrir e voltar à minha infância. Sem dúvida que este foi o momento mais marcante de todo aquele domingo.
José Alho