Sobrevivemos, somente sobrevivemos! Estamos toldados numa única visão: a rotina, o dia-a-dia, a vontade imensa do planeamento. Mecanizamo-nos aos olhos de quem nos vê, de quem espera tudo de nós. Corremos contra o nosso próprio eu e invejamos a espera de uma paragem, a espera de uma sublime brisa do passado.
A vida sente-se cheia de planos, contratempos e exigências, caminhando para a monotonia. Será que nos permitimos parar? Será que somos escravos da correria? Será que perdemos tudo por uma falha? Será que dentro da agitação ainda somos nós próprios?
O corpo já pesa, a alma conduz ao embaraço, à frustração de mais umas horas regidas por uma agenda já toda riscada. Diria a comparação da nossa alma, da nossa mente. Esgota-se, esgota-se porque não nos priorizamos, negamos as pequenas coisas e, cegamente, nada nos faz sentido.
Os tempos modernos, ou como lhe pronunciam, a nova Era Digital, engoliram a nossa existência, aterrorizaram o silêncio e fecharam-nos numa caverna altamente inflamável: o mundo.
Hoje paro. Permito-me parar. Compreendo a paragem. Faço-o porque o cansaço impede-me de trabalhar – razão injustificada, contudo viável para o lapso temporal em que nos encontramos.
Somos feitos da mesma fibra, dos mesmos crepúsculos, das mesmas partículas. Somos humanos, e ser-se humano é aprovar o improvável, é recatar a modéstia, é desbravar trilhos. Julgo o pensamento e questiono-me… Onde permanecemos? Ficamos aqui? Por onde vamos agora?
Seguimos em frente numa direção descontrolada. Os pontos cardeais voltaram-se contra nós, a mecanização enferruja o quotidiano e a agenda transforma-se em artilharia.
Existe sempre um rumo, eu revigorei o meu. Todos nós somos capazes de alcançar aquilo de que melhor somos. Seja a norte ou a sul, podes sempre orientar-te para este ou oeste, somos universais. Não sejas como a maré, caminha pelo teu próprio pé. E sempre que fracassares, lembra-te que “todos os caminhos vão dar a Roma” e tu inventas o teu. Somos universais, não somos reféns do tempo.
Alberto Couto