A desvalorização do mundo cultural é um problema que se tem vindo a arrastar ao longo dos tempos e, com toda a melindrosa situação pandémica que o mundo atravessa, essa fragilidade intensificou-se ainda mais. O ramo musical foi dos primeiros a ser interrompido e, provavelmente, será o último a ter “luz verde” para retomar em pleno.
O mundo vibrante, ruidoso e grandioso dos espetáculos musicais ficou reduzido ao desalento e desespero para quem dele vive. O que será daqueles que escolheram o seu amor pela música como fonte de rendimento? Artistas, músicos contratados, técnicos de som e de iluminação, roadies, road managers, agentes e promotores viram o ano a ser cancelado, adiado, suspenso. Prestes a entrar na época alta que lhes proporciona um pouco de estabilidade, começam a ser informados que os concertos estão suspensos por tempo indeterminado e a pouca esperança que vive dentro destes, desmorona. Juntamente com o estado de saúde das pessoas, também a vida destes profissionais se desequilibrou com a chegada deste vírus. Mesmo sendo uma profissão digna como todas as outras, não lhe é prestado o devido valor, e por isso, tudo se torna prioritário em comparação com a mesma. Sem música o mundo sobrevive (ainda que mais sombrio), mas quem vive desta arte, pode não o conseguir fazer. As contas para pagar não desaparecem e a carência de bens imprescindíveis para o dia a dia das suas famílias também não, mas com isso ninguém se importa. No entanto o desporto, esse sim, já importa e não pode parar. Aplicam-se restrições, mas as competições continuam a decorrer. Porque não também uma solução para a cultura? Ou, pelo menos, compensar através de apoios os mais afetados que não os possuem (ou são escassos) e que, mesmo quando não retiram ordenado, têm de pagar à Segurança Social.
A cultura, como mais que entretenimento, oferece-nos pedagogia. Que não se deixe “morrer” algo tão genial e enriquecedor, porque sem cultura seríamos vazios.
Mariana Rocha