É o ciclo da vida. Nascemos com a única garantia de que estamos aqui de passagem. Na linha ténue que é a vida, a partida tem tanto de inevitável como de inquietante. Sabemos que acontecerá, mas não sabemos a quem, onde, como ou quando e, num ano atípico como este, em que temos sido privados da convivência e do afeto, a ideia de perda é ainda mais dolorosa.
Há poucos dias sofremos uma perda que gerou uma onda de agitação quer nas redes sociais quer nos órgãos de comunicação. Sara Carreira, uma cara bem conhecida por todos, uma jovem de 21 anos, que partiu cedo demais com ainda tanto por viver, mostrar e conquistar. Senti que esta partida mexeu com todos nós e fez com que refletíssemos sobre a incerteza e imprevisibilidade da nossa estadia por cá. Aconteceu com ela o que acontece a inúmeras pessoas todos os dias por diversos motivos, mas só quando acontece de forma trágica com um dos nossos ou a alguém que conhecemos é que nos lembramos do quão breve e injusta pode ser a vida. Vivemos na corda bamba, sabemos disso, mas mesmo assim estamos sempre convictos do dia de amanhã. Saímos de casa apressados convencidos de que voltamos, deixamos escapar um “até já” mesmo sem saber o que o nosso próximo passo nos pode reservar. Então que não se perca tempo com o que não importa, que se reflita sobre as atitudes que semeamos diariamente e as alteremos se necessário, que se pratique o bem, que se lute pelos sonhos e que se diga o que se sente, quando se sente.
Chegamos todos à conclusão de que é essencial viver intensamente, amar genuinamente e perdoar prontamente. Mas daqui a uns dias será que ainda estaremos com esta consciência ou é só quando os casos inesperados acontecem e enquanto não arrefecem da memória? Que não seja preciso passar pelas despedidas para se dar valor e que não se deixe para depois a atenção e o afeto, porque “o depois” pode não chegar e lá se vai a oportunidade. Ah! E não se esqueçam de gostar. De gostar da vida e de fazerem dela o que quiserem.
Mariana Rocha