A Perturbação do Espectro do Autismo (PEA), popularmente conhecida como autismo, é um transtorno neurológico caracterizado por dificuldades na comunicação e interação social, associadas a comportamentos repetitivos e/ou interesses marcados por objetos ou temas específicos.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que 1 em cada 160 crianças tenham autismo. Sabe-se ainda que o autismo é quatro a cinco vezes mais frequente nos rapazes, do que nas raparigas.
Nos últimos anos, tem se falado bastante sobre este tema, seja em séries, palestras ou redes sociais, o que ajuda a trazer visibilidade. Mas, infelizmente, mesmo com este cenário aparentemente favorável, ainda é percetível que a nossa sociedade precisa de alcançar o patamar da compreensão, empatia e INCLUSÃO perante estas pessoas.
Uma das respostas que os autistas mais ouvem quando revelam o seu diagnóstico é: “Não pareces nada autista”, como se o autismo tivesse uma cara. Esta simples resposta, que muitos dizem ser inocente, encerra em si os vários estigmas e estereótipos que a nossa sociedade, desinformada, possui acerca deste assunto.
Chegamos ao ponto de, numa escola do Reino Unido, obrigarem uma criança autista a usar um colete refletor no recreio, para estar sinalizada. Joanne Logan, mãe do menor, tomou medidas legais contra a escola. Esta retirou Charlie, de seis anos, daquele estabelecimento de ensino e tentou arranjar vaga noutros locais, mas sem êxito. A própria acabou por dar aulas ao seu filho em casa. Este é apenas um exemplo que reflete a frieza com que são tratadas as pessoas com esta doença.
Parece que Portugal parou completamente no tempo. Mesmo já estando em pleno século XXI, as mentes fechadas persistem e os preconceitos quase não diminuem. A prova que Portugal ficou estagnado, é o facto do último estudo epidemiológico sobre o autismo em Portugal ter sido publicado em 2005, mas com dados recolhidos no ano 2000. Desde aí passaram-se duas décadas sem ninguém se preocupar. Antigamente, era extremamente difícil falar sobre estes assuntos, uma vez que os nossos pais e avós não tinham meios para se informar, era como se para eles não existissem estes problemas. No entanto, atualmente, nenhum de nós tem desculpa, porque o que não faltam são locais onde haja informações, por isso, a ignorância e a estagnação do país em relação ao autismo é apenas uma escolha.
Autismo não é doença, e não há cura para esta condição. Desta forma, é necessário apelar à consciencialização da população em geral, para que estejamos todos familiarizados com a causa, e assim, pararmos de a tratar mais uma vez como um tabu.
Com quantos autistas já conviveste na tua infância? Com quantos já estudaste? Quantos idosos autistas conheces? Se tens familiares autistas mostra-os ao mundo, sai com eles e fala sobre eles.
Autismo é só uma característica, e sobre o preconceito, combate-se com informação, diálogo e aceitação!
Carla Castro