Lembram-se de na passagem de ano ouvirmos falar do coronavírus na China? É claro que se lembram! Nessa altura toda a gente dizia “É na China. Nunca vai chegar a Portugal!” E o que é certo é que chegou… De um momento para o outro passamos de uma epidemia para uma pandemia. Já viram as voltas que a vida dá e como ela nos contradiz tantas vezes? Pensamos que tudo vai correr bem, que as coisas acontecem da forma que queremos e não ligamos quando acontecem aos outros. O problema é quando chega até nós! Aí sim, é que é bonito de se ver!
Toda a gente dizia “Há tanta gente a morrer de tantas outras coisas. Isto é só uma gripe, daqui a pouco já não se ouve falar disto.” Lá está, mais uma vez, a vida trocou-nos as voltas. Já pensaram que esta pandemia até pode ter vindo para nos alertar, no sentido de pensarmos nas palavras que saem da nossa boca a cada instante?
Antes deste vírus ter chegado ao nosso país, a vida era tudo menos oprimida. Podíamos fazer tudo e mais alguma coisa. Podíamos estar nos cafés com os nossos amigos até altas horas. Podíamos ir jantar ou almoçar a um restaurante com a nossa família. Podíamos demonstrar carinho e afeto pelas pessoas através de abraços, beijos e apertos de mão. Podíamos estar junto das pessoas que amamos sem qualquer restrição.
O grande problema foi quando o “corona” chegou até nós, aí é que o caso mudou completamente de figura! Surge a notícia: “Primeiro caso de Covid-19 confirmado em Portugal.” Quando ouviram ou leram esta notícia, como é que se sentiram? Uns gozaram com situação, outros ficaram realmente preocupados e outros, simplesmente, não deram importância. O que é certo, é que a chegada desta doença infeciosa nos tirou tanta coisa, mas, ao mesmo tempo, fez-nos perceber a realidade que nos rodeia. A Covid-19 chegou para nos colocar à prova! Fomos obrigados a ficar cada um na sua casa e a respeitar o distanciamento social, sendo que apenas podíamos sair para comprar os bens essenciais. Ao ficarmos em casa, tudo se tornou complicado, uma vez que as nossas rotinas deixaram de poder ser cumpridas. Basicamente, todos os estabelecimentos fecharam e o método mais eficaz que se arranjou para complementar tudo isto foram as plataformas online. O ensino passou a ser à distância, para uns passou a ser através da televisão e para outros através de um computador. Ou seja, o teletrabalho tem sido o conceito mais utilizado nos últimos tempos. Tem sido bastante difícil para a sociedade ter que se adaptar a este novo “estilo” de vida!
E as festas e romarias? E os festivais de verão? E as cerimónias religiosas? E o futebol? Este ano foi tudo cancelado. Este ano vai ser um ano completamente diferente dos outros. A partir de agora, apesar de os estabelecimentos terem começado a abrir novamente, para qualquer lado que formos temos que levar connosco aquela que é a nossa fiel companheira nestes tempos. Sabem a quem me refiro? Sim, é essa mesmo que estás a pensar… a máscara! Quer queiramos, quer não, todos temos que a utilizar. Isto para nos protegermos a nós próprios e aos outros.
E os profissionais de saúde? Esses sim, são os verdadeiros heróis! Graças a eles a situação em Portugal está estabilizada e o número de casos tem reduzido de dia para dia. Só eles é que conseguem enfrentar este vírus como ninguém. Devemos, por isso, agradecer todos os dias a disponibilidade destes profissionais, a entrega e a dedicação com que desempenham o seu trabalho.
Mas no meio disto tudo, sabem qual é a parte boa do aparecimento do coronavírus? Se não sabem eu vou dizer-vos e, ao mesmo tempo, tentem refletir. Este vírus fez-nos “acordar para o mundo”. Caso não tenham reparado, aconteceram muitas coisas. A poluição diminuiu bastante. As famílias passaram a ter mais tempo para estar juntas. Os pais passaram a estar o dia inteiro com os filhos. A sociedade começou a perceber que nestas situações não existe distinção entre as pessoas, porque o vírus pode chegar a todos, tanto a ricos como a pobres. As pessoas passaram a valorizar mais a frase “aproveita cada momento como se fosse o último”, pois ao estarem longe umas das outras, isso fê-las perceber que devem aproveitar o tempo, quando estão juntas, ao máximo.
Um dia, espero poder contar a “história do vírus” aos meus filhos e aos meus netos. Quero dizer-lhes que 2020 foi um ano desafiante para o mundo e, principalmente, para Portugal. E, no final, espero dizer-lhes que o vírus não levou a melhor e que ficou tudo bem.
Juliana Soares