A Praxe

A Praxe é injusta…

Enchemos mesmo não querendo. Suámos. Passamos a mão pela testa. Limpamos o suor. Daí a nada o cenário repete-se. Uma e outra vez.

Rebolamos na terra, na relva molhada, onde calhar. A Praxe rouba-nos tempo. Rouba-nos energias. E isso chateia. Incomoda. Pior do que uma velha que nunca se cala, a quem fazemos ouvidos moucos. Fazem-nos gritar mais alto do que a nossa capacidade, até que a voz doa, até que a garganta seque.

Revolta-me apenas que os media, os influenciadores da opinião pública e da mente alheia, falem da praxe, sem saber o que lá se passa, contando história que apenas alimentam a imaginação de quem nunca teve coragem de ir, de experimentar. Revolta-me!

Contudo, revolta-me ainda mais que tal aconteça, diante dos nossos olhos e ouvidos, enquanto nós, aqueles que provaram das suas agruras, dos seus dissabores, pouco ou nada fazemos para que o cenário se altere. Como é possível que uma tradição académica tão portuguesa e tão antiga viva ainda nas ruas da amargura? Como podemos ser, ainda, incompetentes o suficiente para não ter elevado a imagem da Praxe junto das “massas”, aproximá-las das pessoas, mostrando que ela é tudo menos humilhação!

Não, a Praxe não é humilhação!

A Praxe é injusta, porque nos tira muita coisa, mas dá-nos ainda mais. É injusta, sim, para com ela própria. Enquanto que ela só nos tira tempo, oferece-nos amizade, integração, valores, conceitos e respeito!

Na Praxe não há preconceitos, nem discriminação. Na sociedade há. Na Praxe há amor, amor pela universidade, por um curso, pela partilha. Há orgulho, doa o que doer. Porque a vida, muitas vezes, dói, mas não é por isso que deixamos de a viver!

Carlos Carvalhosa