Ontem, Portugal foi eliminado do Mundial pelo Uruguai. 11 milhões de portugueses (e outros tantos simpatizantes da seleção das quinas, ou pelo menos de Ronaldo) que viram um jogo em que Portugal esteve superior em todos os aspetos, menos na finalização e, pode-se dizer, na sorte.
Começamos mal. Entramos em campo com um Uruguai que procurou a vantagem desde cedo e que a falta de atenção nos valeu um jogo de sofrimento. Tivemos muita posse de bola, a maior parte da partida o jogo não passou do meio campo para trás como acontecera sempre nos jogos anteriores, com várias tentativas de ataque (porque a grande parte do nosso ataque foi isso, meras tentativas), com cantos mal aproveitados e principalmente a falta de presença na grande área na parte central foram fatais para ditar a nossa sentença. Fomos superiores, claramente superiores e pode-se dizer que foi a nossa melhor exibição no Mundial, mas de nada adiantou ter a bola nos pés se não soubermos o que fazer com ela.
Uruguai ao final da primeira parte já estava a “queimar” tempo, já não precisava de muito mais para passar à próxima fase e se continuasse com os 10 jogadores à defesa, podia continuar ali mais 45 minutos (faz lembrar alguém que marcara aos 4 minutos e conseguiu manter essa vantagem mais 90 minutos). Entramos na segunda parte e volvidos 15 minutos, num cruzamento de Raphael Guerreiro, Pepe cabeceia para dentro da baliza uruguaia. Que bem que soube, podíamos continuar a sonhar! Mas foi Sol de pouca dura. Numa falha de marcação da defesa lusa, Cavani aproveitou e bisou, colocando novamente o Uruguai nas nuvens e Portugal cada vez mais longe de ver a luz ao fundo do túnel.
Foi uma meia hora final árdua, em que o cansaço e as emoções à flor da pele já tomavam conta do jogo. Erros que se acumulavam, a pressa para o empate era inimiga da perfeição e o tempo era o nosso maior inimigo. No soar do apito final do árbitro, as nossas esperanças caíram por terra.
Houve muitas falhas: podemos culpar a arbitragem, o relvado com más condições, os jogadores cansados e alguns em baixa condição física (resultante dos jogos anteriores), podemos culpar os Simpsons por nos “terem dado esperanças”, podemos culpar a inferioridade numérica de adeptos portugueses em relação à quantidade de adeptos uruguaios nas bancadas, podemos culpar Ronaldo e esquecer o que ele fez anteriormente para conseguirmos chegar até aos oitavos e podemos até culpar algumas escolhas de Fernando Santos. Mas podemos também sair de cabeça erguida, dizer que lutamos até ao fim, atacamos, corremos e podemos dizer que não desistimos.
Há quem tenha equiparado esta conquista pelo sonho de levar Portugal ao peito a todos os cantos do mundo, à conquista do Quinto Império enunciado por Fernando Pessoa na “Mensagem”. A continuação da fome de vencer que vem do Europeu já conquistado e que tinha agora, à sua frente, a conquista das conquistas. Mas ficamos a meio caminho. Parece que tudo nos remonta para a imagem de Ronaldo nas meias finais do Euro 2012 a dizer “Que injustiça, que injustiça”. Mas passado 4 anos conseguimos que essa injustiça tivesse um ponto final. Pode ser que a conquista por este Quinto Império não fique por aqui, quem sabe daqui a 4 anos…
Nesta fase, neste jogo em particular, deixamos para trás o Mundial com a certeza de que deixámos tudo em campo, mas que nem sempre isso é suficiente para conquistar o sonho de uma nação.
Daniela Tomás