Os “Duque Não Perdoa” são oriundos de Paredes e prometem pôr Portugal a mexer com o seu som duro e impiedoso, onde as letras nos lembram a chuva numa tempestade. Por ocasião de um concerto em Vila Real, O Torgador foi conhecer a história de uma banda que começa numa mentira.
O Torgador (OT): Como é que surge a banda?
Duque Não Perdoa (DNP): “Por casualidade, começámos três no início e íamos precisando de um ou outro e inserindo conforme surgia, por exemplo, o vocalista juntou-se a nós recentemente. Quanto a um outro membro da banda a sua incursão teve pacto com uma mentira. Um dia chegou à junta (onde o pai de um deles trabalhava) e foi questionado se sabia tocar guitarra. Claro, na sua inocência disse que sim. Não querendo dar parte fraca foi obrigado a aprender. Ainda bem! Esta é daquelas piedosas”.
OT: Há algum sítio que gostavam de tocar em específico?
DNP: “O Music Box em Lisboa e o Maus Hábitos no Porto. O nosso groove identifica-se mais com esses ambientes e gostávamos de ser congratulados com a honra de tocar por lá umas “malhas”. Contudo, não recusaríamos nenhum festival ou sítio. Não procuramos expor-nos para determinado grupo de pessoas. Desde que nos oiçam, nós tocamos. Chega.”
OT: Quem corre por gosto não cansa?
DNP: “Ficamos cansados muitas vezes, mas voltamos porque precisamos disto. Agora, não tentamos ser lucrativos, desde que dê para cobrir as despesas chega. Mostrar o que andamos a fazer ao público dá alento suficiente para prosseguirmos.”
OT: Pretendem seguir música ou ainda estão envolvidos nas licenciaturas a que cada um se propôs?
DNP: “Só um de nós ponderou seguir música. Não é por teres um curso a mais que te vais safar em Portugal, precisas de pessoas que acreditem em ti e já tenham o seu estatuto assegurado para te agarrarem e levarem a palcos maiores.”
OT: Como é que se medem egos e se chega a um consenso?
DNP: “Nós atrás disto somos amigos, partilhamos vivências. Às vezes existem ideias individuais que morrem porque não combinam com o grupo. O consenso surge através de um clique, há muito combate. Às vezes caímos em discussões de gostos, é chato. Um fazia um A maiúsculo, o outro fazia um à com acento. Não nos zangámos, mas insultámo-nos muito. É necessário”.
Quando confrontados com a pergunta: como é que surge a organização e o acordo entre os membros da banda quanto à sonoridade, responderam, por outras palavras, que não gostam de dividir o mundo da banda em continentes, tornando-a numa Pompeia, consequentemente, sem divisões. Sobre as influências é ler.
DNP: “A guitarra não é do guitarrista nem a bateria do baterista. É tudo um só. As ideias surgem no momento, não temos uma música muito igual. As novas músicas têm mais inspiração em Radiohead e as antigas mais em Black Rebel Motorcycle Club. Demoramos muito tempo a escrever a música e vamos alterando consoante as influências que nos surgem na altura, inconscientemente vamos soando mais parecido a X e Y do que andamos a ouvir. As três bandas que somos todos fascinados e nos unem são Tool, Radiohead e Pink Floyd”.
Tudo acabou com uma rodada de finos. Malta como deve ser: reivindicativa, revolucionária e pró-ativa (dentro da sua procrastinação. Nem eram tugas se assim não fossem).
José Carvalho
Fotografia: Bruna Martins (O Torgador)