O nosso país é como as academias do Sporting no desporto de lançamento de profissionais exímios em demagogia. Um dos melhores exemplos disto mesmo subiu ao palco do 37º Congresso do Partido Social Democrata, no sábado, por volta das 16 horas.
Nuno Morais Sarmento não poderia ter começado a sua intervenção com maior erro: o de culpar o Partido Socialista de forma convicta e unilateral pelos fogos que atingiram o país durante o ano de 2017, quando a razão apontada por todos os especialistas provém do estado degradante dos terrenos, resultado de uma má gestão das florestas e do ordenamento do território.
Seguiu-se um ataque feroz à “frente de esquerda”, um governo, não só socialista, mas de todas as esquerdas unidas, do neo-socialismo bloquista (foi aqui que Luís Montenegro queimou todas as hipóteses de sinónimos da geringonça). Recorreu mesmo à comparação deste governo português com o de uma das coreias, com a única diferença de que eles têm potencial nuclear e nós, os foguetes de S. João. Nesse momento questionei-me se no congresso do PSD na Coreia do Norte, algum dos seus congressistas teria comparado António Costa com Kim Jong-un e concluí que o único ponto de divergência possível seria o cabelo…
A tentativa de amedrontar o povo dos riscos da esquerda já não passa pelas histórias de fantasia em que os comunistas devoravam crianças ao pequeno almoço, mas de que eles querem nacionalizar tudo desde os transportes às telecomunicações passando pelos serviços. Não é que considere que as nacionalizações são uma boa estratégia económica, mas sabemos todos que até a primeira opção é uma melhor estratégia política quando a segunda não é bem explicada nem fundamentada.
Falta mais pedagogia e menos pedagogos no meio político!
Vítor Rocha