O fim do sexo frágil

No próximo dia 11 de março, as ruas de Vila Real serão invadidas por uma luta já antiga – a igualdade de género. Todos estão convidados a participar na marcha que terá início na Praça Diogo Cão, por volta das 16h. Vila Real, uma cidade tão pequena, abre as suas portas para mais uma batalha em torno dos direitos humanos.

A desigualdade de género é uma realidade em qualquer ponto do país. No entanto, está bem mais camuflado em certos locais. Será Vila Real um desses casos? Num meio pequeno e com habitantes maioritariamente idosos as questões não surgem com tanta frequência. E caso surjam, deixa-se andar. São várias as situações em que uma mulher ganha menos que um homem, embora efetue exatamente as mesmas funções e horários. Vários perguntam “porquê”. Mas quantos se voluntariam para dar voz a essas injustiças? Muito poucos. É isso que nos falta. Passar da palavra à ação. Ficamo-nos apenas pelo descontentamento. Somos os primeiros a criticar, a dizer que está errado, mas que atitudes tomamos nós para fazer a diferença? Essa diferença pode muito bem começar em nós próprios. Aliás, devia começar. Se ficarmos à espera que sejam os outros a dar o primeiro passo, nunca vamos chegar a lado nenhum. Precisamos de dar início ao caminho. Somos tão perspicazes a criar robôs, automóveis e eletrodomésticos inteligentes. Então e a humanidade? Não precisará ela de continuar a ser trabalhada e a evoluir? A ciência avança e o ser humano recua. Devíamos ser vistos todos de igual forma, mas isso não acontece.

Há milhares de anos atrás acreditava-se que o homem e a mulher nasceram para exercer funções distintas. Estamos no século XXI e nada parece ter mudado. A mulher continua a ser considerada inferior como se estivesse destinada a ficar atrás de um fogão. Parece exagero, mas é a visão de muitas pessoas. Visão esta que vai ganhando seguidores quando o preconceito parte de figuras influentes. Como no caso do presidente da Universidade de Harvard que teceu comentários sobre as mulheres terem, de nascença, menos capacidades como cientistas que o sexo oposto. Ou o caso da Google, que despediu um engenheiro por este defender a desigualdade entre géneros.

A educação que recebemos em casa influencia o resto da nossa vida. Se nos são transmitidas ideias machistas e preconceituosas, é provável que mais tarde tomemos atitudes conforme as mesmas ideias. Muitas vezes, o preconceito é alimentado por personalidades que admiramos e pelas redes sociais. E estando nós tão familiarizados com estas, acabamos por não perceber a discriminação que se faz sentir. Quando se escrevem frases como “Os homens mentiriam menos se as mulheres não perguntassem tanto”, esquece-se que muitos dos leitores são crianças e adolescentes que ainda estão a crescer e a formar a sua personalidade. Não pensamos que frases, aparentemente tão simples, podem levar jovens adolescentes a acreditar que o problema está sempre nelas próprias.

Também acontece o contrário que, muitas vezes, é desvalorizado. Também o homem é visto como incapaz de fazer determinadas tarefas. Anteriormente só as mulheres beneficiavam da licença de maternidade, enquanto que atualmente já é partilhada pelos dois progenitores. Nos bares e discotecas o sexo masculino também é vítima da desigualdade. Embora a mulher seja usada como isco, como estratégia para atrair o homem, são-lhe feitas promoções e descontos muito superiores.

A balança devia estar mais equilibrada, ainda há muito a fazer. Por isso saiam à rua. Lutem pelos vossos direitos. Descruzem os braços e façam-se ouvir!

Alexandra Fonseca